A derrota para a Bélgica nas quartas de final da última Copa do Mundo e o fato de o Brasil jogar a Copa América em casa compõem uma dupla pressão por um bom resultado verde-amarelo na competição sul-americana. A disputa começa em jogo contra a Bolívia, às 21h30 (de Brasília) de hoje, em São Paulo, e boa parte dessa responsabilidade estará nas costas de Tite.
A partida será transmitida ao vivo na TV Verdes Mares e pela Rádio Verdes Mares, que tem os direitos da Copa América e fará a transmissão de quase todos os jogos do torneio.
Pressão em Tite
Estivesse Neymar à disposição, a pressão, os elogios e as críticas poderiam ser mais divididos. Mas o principal jogador do time - que já vivia situação difícil, após ser acusado de estupro - sofreu uma lesão no tornozelo direito, foi cortado e deixou o comandante sem um atleta com o mesmo peso do Camisa 10.
"Eu me senti pressionado quando assumi o Guarany de Garibaldi", disse o gaúcho de 58 anos, citando o clube que dirigiu no início de sua carreira como treinador, em 1990. Ele gosta de utilizar essa resposta quando é questionado sobre momentos de tensão.
Por mais que procure minimizar a situação, Tite sabe que está em sua fase mais delicada à frente da Seleção Brasileira. Ele foi mantido após o fracasso no Mundial, mas foi alvo de críticas pelo desempenho do time desde então. Agora, ele encara a obrigação de conquistar o título da Copa América jogando em casa.
Ciente de que a pressão não é a mesma do Guarany de Garibaldi, Tite preferiu deixar uma renovação mais profunda da equipe, com vistas à disputa da Copa do Mundo do Qatar, em 2022, para depois.
O elenco está envelhecido, sobretudo no sistema defensivo, com atletas como Daniel Alves, 36 anos, Thiago Silva, 34 anos, e Miranda, 34 anos, mas a meta é vencer agora e se preocupar com o Mundial em outra hora.
Quando Neymar, 27 anos, lesionou-se, o substituto acionado foi Willian, 30 anos. Houve nova enxurrada de críticas na direção do comandante, que se vê bem distante do prestígio de que gozava até o último Mundial - ao recuperar o time nas Eliminatórias, o técnico viveu um período de questionamentos quase inexistentes.
Após a vitória da Bélgica nas quartas de final, a lua de mel acabou, e Tite precisa da Copa América para ajustar a relação com a torcida. Para isso, ele resolveu apostar em um jogo agressivo, com desarmes no campo ofensivo e ataques mais verticais.
O plano terá seu primeiro teste diante da Bolívia, tida como o time mais frágil do Grupo A. No Morumbi, diante de um geralmente exigente público paulistano, a Seleção espera construir uma relação boa com a torcida, algo considerado muito importante pela comissão técnica e pelos próprios atletas.
"O que a gente tem que fazer é tentar trazer o torcedor para o nosso lado, fazer com que a comunhão seja total", disse o lateral-esquerdo Filipe Luís.