Da Amazônia chegam notícias. Não só dela como de outras regiões de floresta no Brasil. Fala-se de destruição, injustiça e até mortes. A opinião pública se divide – alguns creem que tudo é necessário para o progresso. Outros, que toda essa devastação não é progresso verdadeiro. Do exterior congressos científicos internacionais, jornais e diplomatas estrangeiros pressionam para o governo brasileiro fazer alguma coisa. O País perde prestígio.
Não estamos a falar do Brasil de setembro de 2019, mas daquele de 1910. Matas cobriam então muito do estado de São Paulo. O governo queria construir uma ferrovia para o Mato Grosso. E no meio viviam os Kaingang. A questão era como construir se os índios não concordavam. Para o diretor do Museu Paulista Hermann von Ihering a solução era o genocídio. Para ele e muitos outros.
Isso aumentou a indignação de um homem que era descendente de índios bororo, tornara-se militar por necessidade e que se chamava inicialmente Cândido Mariano da Silva, só depois adotando o sobrenome Rondon.
Rondon palmilhava as matas do país havia duas décadas. Vira os índios encurralados, mortos, suas aldeias queimadas, suas terras tomadas como se não tivessem dono. Fizera o que podia para defendê-los mas se convencera de somente um órgão estatal poderia exercer a tarefa. Realizou campanha nos jornais e palestras dizendo que índios eram gente, eram cidadãos e não podiam ser roubados e assassinados como sempre tinham sido. Enfrentou setores conservadores da Igreja, a desinformação de parte da opinião pública e a má vontade dos políticos. Alguns cientistas e diplomatas o apoiaram.
Depois de muita luta conseguiu a criação do Serviço de Proteção aos Índios, atual Funai.
O País sofre pressão internacional. Perde prestígio. Suas matas e indígenas são ameaçados. Aprendamos com Rondon as lições da preservação e da paz.