A esposa de Genivaldo de Jesus dos Santos, 38, morto na quarta-feira (25) por agentes da Polícia Rodoviaria Federa (PRF) após abordagem em Umbaúba, Sergipe, disse em entrevista ao Portal Fan F1 ter pedido aos oficiais que abrissem o porta-malas da viatura onde ele estava para que respirasse melhor. A resposta de um dos policiais foi: "Ele está melhor do que nós, aí dentro está ventilado".
Maria Fabiana soube que estavam "massacrando" seu marido e correu para a BR-101 para tentar ajudar. Ao chegar no local, já se deparou com Genivaldo dentro da viatura, que segundo a PRF, tinha gás de pimenta em seu interior.
A ação foi filmada por populares e as imagens mostram o homem gritando no interior do veículo com uma grande concentração de fumaça, apenas com as pernas para fora, enquanto os agentes forçavam a porta para mantê-la fechada. Após a ação, Genivaldo chegou morto ao hospital.
A causa da morte foi asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda, segundo laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Sergipe, divulgado nesta quinta-feira (26). Os agentes envolvidos foram afastados pela PRF e um procedimento foi instaurado para apurar a conduta na ação.
"Eu estava em casa, aí um conhecido meu me ligou e falou: "Vem aqui rápido no posto de reforço porque estão massacrando seu marido". Eu entrei em choque, saí correndo, peguei um mototáxi e, chegando lá, ele [Genivaldo] já estava de bruços dentro do carro. Não ouvi mais a fala dele, eles [policiais] trancaram ele. Pedi para que abrissem [o porta-malas] para entrar ventilação, o ar estava muito 'coisado' de pimenta. Eu passei até mal, porque eu cheguei bem juntinho dele [Genivaldo]. O policial falou "Ele tá melhor do que nós, aí dentro está ventilado", relatou Maria Fabiana na entrevista.
Maria Fabiana e Genivaldo estavam juntos há 17 anos e têm um filho de sete anos. Ela conta que o marido tinha um bom coração, e que devido aos problemas mentais, tiveram outro problema também em abordagem policial.
"Tem muitos anos que ele foi parado e a polícia pediu para que ele fosse para a parede, para revistar. Como tinha esquizofrenia e problema de medo, dos nervos, no nervosismo ele não foi para a parede, travou, não teve reação. Levaram ele preso, respondemos por isso e ele foi liberado. Na hora do nervosismo ele trava e fica sem reação", explicou.
Resistência à abordagem
A PRF alega que Genivaldo "resistiu ativamente à abordagem" e que teriam sido "empregadas técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção", para tentar contê-lo.
Maria Fabiana, no entanto, considerou o posicionamento como "um tremendo absurdo".
"Essas coisas entristecem muito a gente porque bandidos matam um pai de família, boa pessoa, que não faz mal a ninguém. Se aquele procedimento não faz mal a ninguém, se é normal e inofensivo, porque ele [Genivaldo] perdeu a vida? Como é que uma pessoa coloca a outra já algemada dentro do carro e coloca um tipo de gás que ninguém sabe qual é o tipo para ficar inalando?", desabafou.