Coronel da FAB é assassinado e tem identidade assumida por garota de programa em Natal

Acusada morava com a vítima e teria tentado vender o apartamento do coronel

Legenda: Coronel conheceu a suspeita em uma casa noturna, cerca de três anos antes do crime
Foto: Reprodução/TV Globo

Um coronel da reserva da Força Aérea Brasileira (FAB) foi assassinado em Natal, no Rio Grande do Norte, e teve a identidade roubada por uma garota de programa com quem se relacionava. A suspeita é de que a mulher tenha planejado o crime e, em seguida, tentado vender o apartamento da vítima. As informações foram divulgadas no programa Fantástico desse domingo (26).

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O coronel Roberto Perdiza serviu em três capitais brasileiras e se apaixonou por Natal, onde decidiu comprar um apartamento no bairro Ponta Negra. O local era compartilhado com a companheira, Jerusa. A mulher, que era garota de programa, conheceu o coronel em uma casa noturna, cerca de três anos antes, e morava com ele desde agosto.

No dia 30 do mesmo mês, Perdiza foi filmado pelas câmeras de segurança do prédio, deixando o local e embarcando em um carro de aplicativo, no fim da tarde. Desde o registro, o coronel não foi mais visto. Notando o desaparecimento suspeito, o zelador do prédio entrou em contato com a irmã de Perdiza. A familiar tranquilizou o funcionário, afirmando que o irmão continuava mandando mensagens de texto normalmente.

Além do zelador, um amigo também estranhou a ausência do coronel, e ligou para a companheira dele, que afirmou que os dois estavam bem e que pediria ao companheiro para ligar - o que nunca aconteceu.

IDENTIDADE ROUBADA

Preocupado, o amigo procurou a Polícia e registrou um boletim de ocorrência. O registro foi feito quase um mês após as últimas imagens do coronel, pois amigos e familiares continuavam recebendo mensagens, supostamente enviadas pelo homem.

Inicialmente, a ocorrência foi tratada pela corporação como um “desaparecimento voluntário”. Ainda assim, Jerusa foi chamada até a delegacia, para falar sobre a rotina com Perdize e negou que morasse com a vítima.

Inconformado com a situação, o amigo continuou pressionando Jerusa e chegou a receber um áudio do coronel, às 3h, onde o homem dizia que precisava falar com o advogado urgentemente. O mesmo áudio, porém, já havia sido enviado meses antes. Para a polícia, o intuito da mensagem era servir como uma “prova de vida”.

Após o contato, as mensagens mudaram, tornando-se mais agressivas. Algumas pediam que a família parasse de procurá-lo e afirmavam que ele estava no Rio de Janeiro.

Jerusa chegou a procurar a polícia, contando que o coronel havia entrado em contato em uma chamada de vídeo e revelou estar na cidade carioca.

Para o delegado Claudio Rodrigues Freitas de Oliveira, a declaração “confirmou a morte” de Perdize. “Alguém foi para o Rio de Janeiro para mandar essa ‘mensagem’. Então, se alguém foi para o Rio de Janeiro, ele tá morto”. declarou.

INVESTIGAÇÕES

Com o desenrolar da apuração policial, foi descoberto que, na última vez em que foi visto, o coronel foi até um bar. Duas horas depois, a companheira foi filmada também deixando o prédio para encontrar Perdize no estabelecimento.

De acordo com a corporação, o casal teria ido até a Praia do Meio, onde teria entrado em um motel, saindo somente duas horas depois. Para voltar para casa, os dois teriam embarcado em um carro de aplicativo, conduzido por um matador de aluguel contratado por Jerusa.

Já era inicio da madrugada quando o falso motorista os levou até o local onde a vítima foi morta, alvejada por tiros de arma de fogo. O corpo foi levado pela dupla até o município de Macaíba, onde foi deixado em um terreno, sem a cabeça e sem as mãos.

A Polícia conseguiu encontrar o corpo, e, através de amostras de DNA, confirmou que ele pertencia ao coronel. Jerusa foi presa em dezembro e o comparsa no mês seguinte. Ambos deverão responder por latrocínio.

MOTIVAÇÃO PARA O CRIME

Em 26 de setembro, a garota de programa foi filmada em uma agência bancária, sacando dinheiro da conta da vítima. Para a irmã do coronel, Jerusa pretendia usar o dinheiro até que conseguisse vender o apartamento de Perdize.

A hipótese é reforçada por diversas gravações das câmeras de segurança em que o coronel morava, que flagraram Jerusa entrando e saindo do prédio com vários corretores de imóveis.