Uma mulher trans que foi queimada em tentativa de homicídio em Recife foi transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital após piora no quadro clínico. Internada, ela chegou a ter o braço esquerdo e parte do direito amputados. As informações são do portal G1.
Identificada como Roberta da Silva, de 33 anos, ela chegou ao Hospital da Restauração (HR), no centro da capital pernambucana, com 40% do corpo queimado e lesões graves no dia 24 de junho. No dia 26 do mesmo mês, ela teve o braço esquerdo amputado devido à gravidade dos ferimentos.
Já no dia 30 de junho, ela passou por nova cirurgia, dessa vez para amputar parte do braço direito. Conforme o chefe da Unidade de Queimados do HR, médico Marcos Barreto, a equipe só conseguiu preservar o membro de Roberta em uma área acima do cotovelo direito — ela apresentava necrose progressiva.
Informações do HR indicam que o quadro de saúde da paciente se agravou entre a noite desse domingo (4) e a madrugada desta segunda (5). Depois da segunda cirurgia, ela foi levada para a enfermaria da Unidade de Queimados.
Embora tivesse sido intubada no começo da internação, ela estava respirando sem auxílio de aparelhos, segundo os médicos. No entanto, após a piora, Roberta precisou ser movida para a UTI.
Como o crime ocorreu
Roberta foi queimada por um adolescente no Cais de Santa Rita, na área central de Recife, perto de um terminal de ônibus.
O jovem está em um centro de internação para infratores em razão de crime análogo a tentativa de homicídio.
A vítima, que vive em situação de rua, estava com o adolescente em um barraco de lona, segundo testemunhas ouvidas pelos policiais militares acionados para ocorrência. Ela foi atingida por álcool e teve o corpo queimado.
Conforme Barreto, a vítima relatou ter sido queimada enquanto estava dormindo. Ainda de acordo com o médico, Roberta teve comprometimento na cabeça, queimaduras de 3º grau nos dois braços e lesões em outras partes do corpo, como tronco e perna esquerda.
A codeputada Robeyoncé Lima, do mandato coletivo Juntas (PSOL), foi até o HR para conversar com a vítima. Após a visita, a parlamentar comunicou que Roberta acredita ter sido vítima de LGBTfobia.
Lembrança em manifestação
No dia do Orgulho LGBTQIA+, 28 de junho, manifestantes foram às ruas de Recife para pedir o fim da violência contra as pessoas trans. Na ocasião, lembraram o caso de Roberta.
O Governo de Pernambuco, no mesmo dia, informou estar acompanhando o caso. O Ministério Público estadual (MPPE) abriu um procedimento para apurar a tentativa de homicídio.
Conforme a Secretaria de Defesa Social (SDS) do estado pernambucano, 13 pessoas da população LGBTQIA+ foram vítimas de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) no estado. Em 2020, foram registrados 47 casos do tipo contra essa população.
Além disso, 1.106 ocorrências de violência contra pessoas LGBTQIA+ foram registradas. Tais casos incluem crimes de lesão corporal, maus-tratos, estupro, difamação, entre outros.