Dois casos do superfungo Candida auris foram confirmados no estado de Pernambuco. Após os registros, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informou nessa segunda-feira (22), a suspensão de novos atendimentos no Hospital Miguel Arres, em Paulista, no Grande Recife.
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Conforme noticiado pelo g1, o primeiro caso foi confirmado no dia 11 de maio, após uma análise no laboratório. O paciente internado no Hospital Miguel Arres é um homem de 48 anos. Já o segundo caso foi confirmado no dia 14. O paciente tem 77 anos e está internado no Hospital Tricentenário, em Olinda.
"No caso do Miguel Arraes, como esse paciente passou por várias áreas do hospital, até que dê as três amostras negativas, nenhum paciente está sendo submetido. No caso do Tricentenário, como foi possível isolar apenas a área onde ele circulou, pacientes estão ainda sendo referenciados”, disse Karla Baêta, diretora-geral da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), em entrevista à TV Globo.
Pessoas que tiveram contato com os doentes estão sendo monitoradas. Pacientes que precisam sair de um dos dois hospitais para realizar exames e procedimentos em outras unidades estão sendo acompanhadas e "tratados de forma isolada", para evitar que a infecção se espalhe para outros hospitais.
Unidades de saúde só poderão ser reabertas quando os resultados das análises forem negativos.
“A ala do hospital onde essas pessoas estavam só será liberada quando a gente tiver três coletas negativas, com intervalo de 72h. [...] Ao todo, são mais ou menos 200 coletas, que vão ser repetidas até que a gente tenha três negatividades”, explicou Karla Baêta.
No domingo (21), pessoas que circularam no Hospital da Restauração, na área central do Recife, relaram uma superlotação na unidade de saúde. Sobrecarga foi atribuída à suspensão dos internamentos no Hospital Miguel Arraes.
“A Central de Regulação de Leitos está atuando, desde a semana passada, no sentido de não deixar que a gente tenha um problema com leitos hospitalares. Agora, no [Hospital] Miguel Arraes, até que tudo esteja negativo, ele está fechado para novas entradas”, afirmou a diretora-geral da Apevisa, Karla Baêta.
Conforme o Ministério da Saúde, Candida Auris é um fungo emergente que representa "uma grave ameaça à saúde global". Ele foi identificado pela primeira como causador de doença em humanos em 2009, no Japão.
No Brasil, o primeiro caso do superfungo foi registrado em 7 de dezembro de 2020. Em Pernambuco, a primeira confirmação da espécie em humanos ocorreu em janeiro de 2022.
A SES-PE informou que desde da primeira confirmação, 36 pacientes já foram infectados pelo fungo.
Segundo nota de alerta divulgada em 2020 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Candida auris "pode causar infecção na corrente sanguínea e outras infecções invasivas, podendo ser fatal, principalmente em pacientes imunodeprimidos ou com comorbidades."
Estudos apontam ainda que até 90% dos pacientes de Candida auris são resistentes a fluconazol, anfotericina B ou equinocandinas - medicamentos usados no tratamento de infecções por fungos.
"Serviços de saúde e laboratórios de microbiologia devem estar alertas às orientações previstas no Comunicado de Risco, para adotar as ações de prevenção e controle da disseminação desse fungo de forma oportuna", declarou o Ministério de Saúde.