Jovem de 23 anos foi detida enquanto dava aula em uma escola em Rio Bonito, no Rio de Janeiro
A professora Samara de Araújo Oliveira, de 23 anos, decidiu que processará o Estado da Paraíba pela sucessão de erros na investigação que provocou a prisão dela, no fim de novembro. Samara foi acusada de um crime que não cometeu e que ocorreu em 2010, quando ela tinha somente 10 anos. Detida enquanto dava aula em uma escola em Rio Bonito, no Rio de Janeiro, ela ficou cerca de oito dias em cárcere.
O delito que originou o equívoco ocorreu em setembro daquele ano, contra o funcionário de um mercadinho, que atuava como representante da Caixa Econômica Federal no município paraibano de São Francisco. Na ocasião, ele recebeu uma ligação afirmando que duas pessoas estavam prontas para invadir o local e matá-lo, se ele não realizasse oito transferências bancárias, no valor de R$ 1 mil cada. Coagido, o trabalhador efetuou as movimentações.
Durante a investigação, a Polícia Civil e o Ministério Público da Paraíba (MPPB) conseguiram quebrar o sigilo bancário das contas que receberam a transferência, identificando que todas pertenciam a moradores do Rio de Janeiro. As autoridades conseguiram localizar duas acusadas, que acabaram sendo condenadas, mas não encontraram outros dois suspeitos — um deles supostamente seria Samara.
Apesar de a Justiça ter suspendido o processo, paralisando a contagem de tempo de prescrição da infração, foi determinado que o MPPB tentasse localizar os acusados novamente. Foi então que, em 20 de janeiro deste ano, Samara de Araújo Oliveira teve a prisão decretada.
No entanto, conforme o jornal O Globo, no cadastro nacional de dados de pessoas físicas, existem outras nove pessoas com o mesmo nome da professora.
Houve o descaso na investigação, no processo e até agora eles não se posicionaram, mesmo com toda a repercussão do caso. Eles estão ignorando tudo que aconteceu comigo, como se eu fosse só mais uma ou não existisse. Se eu deixar para lá, eles vão continuar fazendo as coisas de qualquer jeito."
Retomada da rotina
Professora de Matemática, Samara detalhou que planeja retornar ao trabalho ao longo da próxima semana. A volta à atividade, para ela, é uma forma de tentar ocupar a cabeça. Ao periódico fluminense, a jovem detalhou também que está procurando ajuda psicológica para ela e a família.
"Esses dias que fiquei longe impactaram muito meu filho. Ele continua com um comportamento diferente e agitado. Estamos em processo de readaptação", contou.