Presidente de Sindicato defende que Lula não vá a protesto em seu Instituto

Segundo Rafael Marques, o ato terá clima de "festa" e não pretende rivalizar com as manifestações que pedem o impeachment de Dilma Rousseff

Escrito por Folhapress ,

Um dos organizadores do ato de domingo (16) no Instituto Lula, Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, acredita que levará mais de três mil militantes para o local. Em entrevista a Folha, ele defendeu que Lula não se envolva em "manifestações dessa natureza" e relata que o ex-presidente insiste na necessidade de "recuperar a alegria do brasileiro".

Como surgiu a ideia de fazer a vigília em frente ao Instituto Lula?

No dia seguinte em que jogaram a bomba no Instituto, tivemos uma agenda com Lula no próprio local. Entendemos que era o caso de proteger a figura do ex-presidente, seu legado, sua história. E pensamos que se jogaram a bomba em um dia normal, nada impede que aconteça algo parecido no dia 16. A maioria das pessoas têm espírito democrático, mas sempre tem um subsetor.

 O ato no Instituto neste domingo (16) tem a função de fazer frente à manifestação a favor do impeachment da presidente Dilma?

A gente não ia ficar em casa só observando o que vai acontecer. Por isso decidimos ir para as ruas também, mas para um local bem afastado, sem confronto.

O Lula irá?

A gente não convidou. Ele é uma figura que tem que estar ao largo desses processo, não tem que envolver pessoalmente em manifestações dessa natureza. Nosso ato vai ser pacífico, democrático e a presença dele pode suscitar outro tipo de interpretação. O Lula tem que ser a figura que ajude a presidente Dilma a achar soluções agregando setores da nossa sociedade.

Que tipo de interpretação a participação de Lula pode despertar?

No mesmo dia em que há atos no Brasil inteiro com outras teses, outros propósitos, ele não tem que mostrar cara, não tem que participar de nenhum ato esse dia.

O Instituto Lula apoiou a manifestação?

Quando falamos da nossa ideia, eles ficaram preocupados. Falamos que seria uma festa, sem clima de revanche, e daí aceitaram.

O que Lula falou sobre a bomba caseira lançada no Instituto?

A tendência de Lula é nos tranquilizar. Sempre contextualiza o que acontece, mas evidentemente, está preocupado. No Facebook há uma página com o nome "Morte ao Lula" com uns cinco mil seguidores. Ele está preocupado com o excesso de pessimismo na sociedade que pode resultar em manifestações de intolerância. Esse ambiente de pessimismo exagerado desperta mais manifestações violentas. Isso ele vê com muita preocupação.

Lula tem medo de ser alvo de alguma agressão?

Não acho que ele se sente pessoalmente em risco, pois continua circulando, dando trabalho para a sua segurança. A preocupação maior dele é com o pessimismo que pode levar a atitudes de intolerância. Ele sempre fala que temos que "recuperar a alegria do brasileiro".

O que acha de petistas que têm interesse de ir à Avenida Paulista para observar a manifestação?

Acho que não é o caso, é um pouco de aventura. O pessoal que marcou o protesto lá tem todo direito de fazer o seu ato. Fico irritado quando a gente marca uma manifestação e vem gente infiltrada. O espaço da paulista está reservado há tempos para esse grupo.