PF descobre que Milton Ribeiro e pastor do MEC se comunicavam por telefones secretos
A descoberta aconteceu após a primeira interceptação telefônica autorizada pela Justiça no âmbito da investigação sobre um suposto esquema de corrupção no MEC
O ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, e o pastor Arilton Moura possuíam telefones secretos para se comunicarem, segundo descobriu a Polícia Federal (PF), após a primeira interceptação telefônica autorizada pela Justiça no âmbito da investigação sobre um suposto esquema de corrupção no MEC. As informações são do colunista Igor Gadelha, do Metrópoles.
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“Foi descoberto que os alvos Milton, Arilton, e Luciano (Musse, ex-gerente de projetos da Secretaria Executiva do MEC) possuem números de telefones celulares que até então eram desconhecidos e que devem constar de eventual nova decisão de interceptação”, escreveu a PF em relatório enviado ao Ministério Público Federal (MPF).
Com a descoberta, a PF pediu a prorrogação da interceptação telefônica dos investigados e o deferimento de interceptação de novos terminais celulares móveis.
Prisão de Ribeiro
Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação no governo de Jair Bolsonaro, foi alvo de um mandado de prisão preventiva pela Polícia Federal na manhã da última quarta-feira (22), em Santos, no Litoral de São Paulo.
A PF o capturou no âmbito da Operação "Acesso Pago", cujo objetivo é apurar a prática de tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para reforma e construção de escolas e creches. O dinheiro é usado ainda para aquisição de ônibus escolares e materiais didáticos, entre outros itens.
O mandado judicial cita o envolvimento do então ministro com os crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.
“O crime de tráfico de influência está previsto no artigo 332 do Código Penal, com pena prevista de 2 a 5 anos de reclusão. São investigados também fatos tipificados como crime de corrupção passiva (2 a 12 anos de reclusão), prevaricação (3 meses a 1 ano de detenção) e advocacia administrativa (1 a 3 meses), todos previstos no Código Penal”, informou a PF em nota.
Prisão cassada
O desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, deferiu liminar e cassou a prisão preventiva do ex-ministro nesta quinta-feira (23). No começo da tarde, Ribeiro deixou a carceragem da Polícia Federal em São Paulo.
A decisão atende a um habeas corpus apresentado pela defesa do ex-ministro. Mais cedo, o desembargador plantonista Morais da Rocha rejeitou o mesmo pedido, alegando que a defesa não tinha apresentado os documentos que evidenciavam constrangimento ilegal na prisão.