Líder indígena denuncia morte de menina ianomâmi de 12 anos após ser estuprada por garimpeiros

Menina foi abordada quando estava sozinha e levada para barco; tia tentou defender a criança, mas foi impedida

Escrito por Redação ,
Legenda: Comunidade Aracaçá, onde a menina mora
Foto: Divulgação/Júnior Hekurari

Uma menina de 12 anos da etnia indígena ianomâmi morreu após ser estuprada por garimpeiros na região de Waikás, em Roraima. A denúncia foi feita por Júnior Hekurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY), uma das lideranças dos ianomâmis

Segundo Hekurari, a garota estava sozinha na comunidade quando foi abordada por garimpeiros que a atacaram e a levaram para suas barracas. Uma tia dela acabou chegando e tentou defendê-la. 

"[...] Quando estava defendendo, os garimpeiros empurram ela em direção ao rio junto com uma criança. Essa criança se soltou no meio do rio, acho que estava em um barco. Eles invadiram e levaram [a menina] para o barraco dos garimpeiros e a violentaram brutalmente, estupraram essa adolescente. Moradores de lá me disseram que ela morreu. Então, é muito triste, muito triste mesmo", desabafa o líder. 

Veja o relato:

A criança que caiu no rio Uraricoera na hora da confusão segue desaparecida, segundo os relatos. O caso foi nessa segunda-feira (25). As informações são do G1

Júnior Hekurari ficou de ir até o local para buscar o corpo da menina e encaminhá-lo ao Instituto Médico Legal (IML).

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Conforme a reportagem do G1, a região onde a menina foi morta é remota. O acesso até lá demora cerca de 1h15 de voo saindo de Boa Vista, capital de Roraima.

Para a comunidade específica, ainda demoram mais 30 minutos de helicóptero ou 5 horas de barco pelo rio Uraricoera. De acordo com a Condisi-YY, 198 indígenas vivem lá.

Investigações

Ainda segundo o relato do líder indígena, os garimpeiros podiam estar armados. A comunidade Aracaçá, onde a menina foi atacada, fica no meio de acampamentos de garimpeiros. A violência contra menores e idade e mulheres ianoâmi seria constante. 

A Polícia Federal (PF) e o Exército foram informados na noite de segunda. O Condisi-YY enviou ofício ao Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e ao Ministério Público Federal (MPF). 

Em nota, o MPF informou que "busca junto às instituições competentes a apuração do caso e acredita que situações como essa são consequências cada vez mais frequente do garimpo ilegal em terras indígenas em Roraima".

O Ministério da Saúde disse que a responsabilidade da assistência à saúde indígena é da Sesai. A Fundação Nacional do Índio (Funai) pontuou que segue o caso por meio da unidade descentralizada na região. O órgão se articula com as forças de segurança e está à disposição para colaborar com os trabalhos de proteção ao povo ianomâmi. 

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