Ecko, chefe da maior milícia do Rio, morre após ser baleado pela polícia em operação

Criminoso é um dos mais procurados do país, e foi encontrado numa casa na comunidade das Três Pontes, em Paciência

Escrito por Redação , pais@svm.com.br
Ecko miliciano preso no Rio de Janeiro
Legenda: 'Ecko' é réu em nove processos criminais
Foto: Reprodução/Polícia Civil do Rio de Janeiro

Uma ação da Polícia Civil do Rio de Janeiro resultou, neste sábado (12), na prisão e morte de Wellington da Silva Braga, o “Ecko”, chefe da maior milícia do Rio. O criminoso é um dos mais procurados do Brasil, e foi encontrado numa casa na comunidade das Três Pontes, em Paciência.

De acordo com a TV Globo, ele foi baleado na operação, por volta das 8 horas, quando visitava a mulher e os filhos. Chegou a ser socorrido pelos policiais, mas chegou já sem vida ao Hospital Municipal Miguel Couto, com dois tiros na altura do coração.

Ao longo de seis meses de investigação, a Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPim) concluiu que este seria o dia ideal para capturar Ecko, que é réu em nove processos criminais por organização criminosa, homicídio, extorsão e receptação.

A operação foi coordenada pela Subsecretaria de Planejamento Operacional, e, devido à data, foi denominada “Dia dos Namorados”. 

Ecko circulava pela cidade carioca escoltado por seguranças, frequentava casas em bairros nobres e dialogava com policiais, traficantes e pistoleiros. O Disque Denúncia oferecia uma recompensa de R$ 10 mil por informações que levassem ao miliciano.

Casa de esposa de miliciano Ecko
Legenda: Ecko tinha ido visitar a esposa e os filhos quando foi baleado
Foto: reprodução/TV Globo

Ele chefia o maior consórcio criminoso do Rio: uma milícia antes restrita à Zona Oeste, mas que agora atua em 20 bairros da cidade e outros seis municípios da Baixada Fluminense e da Costa Verde.

A milícia de Ecko, composta em maioria por ex-membros do tráfico, e não mais por policiais; é hoje maior do que cada uma das três maiores facções criminosas do Rio de Janeiro, pelo critério de áreas dominadas.

Sob sua chefia, os membros são extorquiam dinheiro de moradores e comerciantes, de modo a oferecer segurança, além de explorem diversas atividades — como sinal clandestino de internet e televisão, monopólio da venda de água, gás e o transporte por vans.

Operação policial

A ação "Dia dos Namorados" começou no fim da tarde da última quinta-feira (10), após a Subsecretaria de Inteligência obter a informações de que Ecko visitaria a família neste sábado. 

Diante da informação, o delegado Rodrigo Oliveira convocou quatro agentes para a primeira reunião, ainda na quinta. Neste sábado apenas 21 atuaram na operação em Paciência.

Conforme informações do G1, Ecko chegou a casa da companheira por volta das 4 horas da madrugada. Horas depois, a residência foi cercada pelos agentes da força-tarefa. Após perceber a ação da polícia, ele tentou fugir pelos fundos do imóvel, mas foi interceptado por outra equipe, o que deu início a uma troca de tiros. 

O criminoso foi baleado em um quarto. Ele foi socorrido pelos policiais e levado de helicóptero para a unidade de saúde, onde já chegou morto. Com ele, os agentes encontraram um fuzil

Quem é Ecko

O miliciano nunca foi policial e tornou-se o homem mais procurado do Brasil após assumir e expandir os negócios ilegais do irmão, Carlos Alexandre da Silva Braga, mais conhecido como Carlinhos Três Pontes, morto em um confronto também com a Polícia Civil, em abril de 2017.

Ecko
Legenda: Ecko chegou a ser levado de helicóptero a uma unidade hospitalar, mas morreu antes de chegar ao local
Foto: reprodução

No começo a organização atuava em bairros da Zona Oeste do Rio: Campo Grande, Santa Cruz, Cosmos, Inhoaíba e Paciência. O grupo, então chamado de Liga da Justiça, atingiu o ápice em 2007, com assassinatos e o controle econômico da região.

Na época, os chefes da milícia eram os ex-policiais Ricardo Teixeira Cruz, chamado de Batman; Toni Ângelo Souza Aguiar, o Toni Angelo; e Marcos José de Lima, o Gão. 

Com a prisão do trio em operação realizadas entre 2007 e 2008, o irmão de Ecko, Carlinhos Três Pontes, assumiu a liderança do grupo. O ex-traficante comandou a organização até ser morto em 2017. 

Então Ecko assumiu a herança do irmão e passou a comandar a Liga da Justiça. Atualmente o grupo se intitula como Bande do Ecko

Assim como o Carlinhos Três Pontes, Ecko seguiu atuando para estreitar os laços entre a milícia e o tráfico. Primeiro ele se aliou aos integrantes da facção Amigos dos Amigos (ADA), depois com os do Terceiro Comando Puro (TCP).   

Relação com Adriano da Nóbrega

Uma das contribuições para o avanço das milícias pelo Rio de Janeiro foi a aproximação entre Ecko e Adriano da Nóbrega, ex-capitão da PM morto na Bahia em 9 de fevereiro do ano passado. A cumplicidade entre eles tornou possível uma inédita aliança entre diferentes grupos criminosos.

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Se antes os grupos paramilitares das zonas Oeste e Norte do Rio agiam de forma independente e descoordenada, depois da aproximação entre Ecko e Adriano passaram a ser sócios, atacando favelas dominadas pelo tráfico e defendendo seus redutos de ataques rivais.

“Ecko e Adriano formaram um corredor entre as zonas Norte e Oeste todo dominado pela milícia”, resumiu um policial federal que investigou a conexão entre as quadrilhas.

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