A proposta é ajudar as pessoas a criarem suas próprias "imagens mentais" do universo capturado pelo James Webb
As primeiras imagens coloridas do telescópio espacial James Webb, da Nasa, divulgadas pela agência espacial norte-americana em julho deste ano, serviram de base para uma maneira nova e imersiva de explorar o universo.
Cientistas da Nasa, músicos e um integrante da comunidade de cegos e pessoas com deficiência visual conseguiram converter as imagens em som. "A música toca nossos centros emocionais", disse Matt Russo, músico e professor de física da Universidade de Toronto.
De acordo com o professor, a proposta era tornar as imagens e os dados do James Webb compreensíveis por meio do som e, assim, ajudar os ouvintes a "criar suas próprias imagens mentais".
Uma das imagens mapeadas para a criação de uma sinfonia foi a dos Penhascos Cósmicos na Nebulosa Carina. Nela, os músicos atribuíram notas únicas às regiões semitransparentes e transparentes e às áreas muito densas de gás e poeira, resultando em uma paisagem sonora vibrante.
"A trilha sonora é vibrante e cheia, representando o detalhe dessa gigantesca cavidade gasosa que tem a aparência de uma serra. O gás e a poeira na metade superior da imagem são representados em tons de azul e sons de vento, semelhantes a drones. A metade inferior da imagem, representada em tons avermelhados de laranja e vermelho, tem uma composição mais clara e melódica", explica a Nasa.
Também foi mapeada a Nebulosa do Anel Sul. Nela, a luz infravermelha próxima é representada por uma faixa de frequência mais alta no início. No meio do caminho, porém, as notas mudam e se tornam mais baixas para refletir que o infravermelho médio inclui comprimentos de onda mais longos de luz.
Projetado para ser cativante
Os áudios foram desenvolvidos, especialmente, para ouvintes cegos e com baixa visão. Contudo, foram projetados para serem cativantes para qualquer um que deseje escutar.
"Semelhante à forma como as descrições escirtas são traduções únicas de imagens visuais, as sonificações também traduzem as imagens visuais codificando informações, como cor, brilho, localizações de estrelas ou assinaturas de absorção de água, como sons", explicou Quyen Hart, cientista sênior de educação e divulgação do Instituto de Ciências do Telescópio Espacial em Baltimore, Maryland.
"Nossas equipes estão comprometidas em garantir que a astronomia seja acessível a todos", concluiu o cientista.