Transformada em um “supercontinente” chamado "Pangea Ultima", a Terra pode ficar inabitável dentro de 250 milhões de anos, segundo estudo publicado, nesta segunda-feira (25), na revista científica Nature Geosciences, liderado por investigadores da Universidade de Bristol, do Reino Unido.
Europa, Américas, África e demais blocos territoriais se uniriam, nesse futuro distante, dando origem ao supercontinente com temperaturas acima dos 40°C, sugere o artigo científico. Seria um extenso território escaldante, seco, na maior parte deserto e inabitável.
Os pesquisadores dizem que as consequências dos gases de efeito estufa na Terra poderão atingir um ponto de inflexão que tornará a maior parte do planeta “inabitável para a vida dos mamíferos”. Nesta era, são esperadas temperaturas dramáticas, com mais umidade e condições extremamente áridas nos vastos desertos.
“Esta extinção [dos seres vivos] deve-se principalmente ao calor extremo criado por um supercontinente que se forma nos trópicos, com o brilho do sol a aumentar, emitindo 2,5% mais energia, e o dióxido de carbono (CO2) a subir para mais de 600 partes por milhão (ppm) na atmosfera”, afirmou ao site Público.pt o pesquisador Alex Farnsworth, primeiro autor do estudo. Atualmente, esse valor é de 424 ppm.
Acredita-se que a última deriva dos continentes ocorreu há 200 milhões de anos, resultado da fragmentação da Pangeia.
Projeções
A pesquisa divulgada na revista fornece um dos primeiros modelos climáticos para um futuro muito distante. Calculadas com a ajuda de supercomputadores, as projeções mostram como os extremos climáticos passarão a ser uma regra quando os diferentes continentes se tornarem um só.
Como qualquer modelo climático, este tem limitações. “Tivemos de utilizar aqui [no modelo] a vegetação moderna, pois não se sabe ainda que tipo de vegetação poderá existir em 250 milhões de anos”, justifica Alex Farnsworth, autor do artigo.
O modelo da Universidade de Bristol contempla ainda a concentração geral de CO2 na atmosfera (considerando aspectos como a libertação de gases durante a atividade de vulcões) e o aumento da energia solar (uma vez que a estrela se tornará mais brilhante).
A equipe teve de recorrer a estimativas diversas, do movimento de placas tectônicas à química e à biologia dos oceanos, para calcular possíveis aumentos e reduções de CO2.