Mundo possível

De uma inquietação pessoal, nasceu a Muda Meu Mundo, negócio social que atua em todo o ciclo da produção alimentar sustentável. Conheça esta história.

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Legenda: Priscila Veras: plataforma ensina agricultores familiares como fazer a transição entre a agricultura convencional para a agricultura sustentável.

A transformação do mundo começa em casa, a partir de atitudes de cada um. Decisões simples, como optar por uma alimentação mais saudável, podem representar impactos positivos na própria saúde e até no ecossistema. Essa foi a mudança experimentada pela empreendedora Priscilla Veras. Em 2012, ela se tornou mãe e o fato de não ter conseguido amamentar o filho foi o que a motivou a buscar alimentos mais saudáveis para a criança. “E ele cresceu se alimentando assim, mas me doía o coração ir visitar projetos sociais nas áreas mais pobres do país e ver crianças que simplesmente não tinham o que comer, mesmo suas famílias tendo terra para produzir”, reflete.

Da inquietação, nasceu um projeto que busca tornar acessível para as pessoas a alimentação livre de agrotóxico: o Muda meu Mundo, primeiro negócio social do Brasil que atua em todo o ciclo da produção alimentar sustentável. A proposta é oferecer aos clientes a oportunidade de consumir alimentos sustentáveis, frescos, diretamente de pequenos produtores.

Instrução

No entanto, para o alimento chegar às mãos do consumidor, a mudança também ocorre na família de quem o produz. “Nós desenvolvemos uma Plataforma de Agricultura Sustentável na qual ensinamos a agricultores familiares como fazer a transição entre a agricultura convencional para a agricultura sustentável. Eles precisam passar por lições on-line ou off-line para que, após a capacitação, possam ser avaliados. Depois, se passarem na avaliação, serão certificados”, explica Priscilla Veras. Cerca de 200 famílias já passaram pela rede Muda Meu Mundo.

Além de garantir um alimento livre de aditivos químicos e qualquer exploração, a empresa segue o modelo de mercado justo, deixando claro para o consumidor como cada membro da cadeia ganha. Equilibrar as margens de lucro, porém, é um desafio constante. “Precisamos lucrar, para manter a empresa, ao mesmo tempo em que precisamos aumentar a renda do agricultor. Esse é um quebra-cabeça que prevê muito erro e tentativa até encontrarmos o melhor modelo para cada uma de nossas operações”, afirma Priscilla Veras.

Crescimento

Movimentos como o Slow Food serviram de inspiração para Priscilla Veras iniciar o Muda Meu Mundo. Com os próprios recursos, oriundos de sua renda salarial, a empreendedora começou a empresa com testes e capacitação de agricultores familiares. “No segundo ano, nós já crescemos em faturamento e aumentamos nossa presença no mercado com uma comunicação do nosso propósito”, conta.

Apesar desse crescimento, Priscilla observa que houve uma queda no fim do ano de 2018 e começo de 2019. “Mas 2019 foi o ano do recomeço, crescimento e expansão. Estamos presentes nas feiras em praças públicas, entregando em parceria com Uber Eats e começando a Prateleira de Mercado Justo, que é a primeira no país”, afirma. Os produtos podem ser encontrados todos os sábados na Praça das Flores, de 8h às 11h, pelo Uber Eats (somente aos sábados) e diariamente na Prateleira de Mercado Justo, no Mercadinhos São Luiz da Avenida Rui Barbosa.

O QUE É?
Slow Food

Fundado por Carlo Petrini em 1986, o Slow Food se tornou uma associação internacional sem fins lucrativos em 1989. Atualmente conta com mais de 100 mil membros e tem escritórios na Itália, na Alemanha, na Suíça, nos Estados Unidos, na França, no Japão e no Reino Unido, além de apoiadores em 150 países. O princípio básico do movimento é o direito ao prazer da alimentação, utilizando produtos artesanais de qualidade, produzidos de forma que respeite o meio ambiente e as pessoas responsáveis pela produção. O Slow Food opõe-se à tendência de padronização do alimento no mundo, e defende a necessidade de que os consumidores estejam bem informados, se tornando co-produtores.
Fonte: Slow Food Brasil