Ambiente macroeconômico e empreendedorismo

Coluna Unifor

O relatório Doing Business 2019 do Grupo Banco Mundial traz uma boa notícia para os empreendedores brasileiros: entre 190 países, melhorou a posição do Brasil no ranking geral, no quesito facilidade de fazer negócios, que fez o país saltar da posição 125ª para a 109ª. A melhora se deve sobretudo ao item “iniciando um novo negócio”, em que saímos da posição 175ª para a 140ª. Todavia, no quesito pagamento de impostos, continuamos ocupando a desconfortável posição 184ª entre os 190 países pesquisados. 

No Ceará, o ambiente econômico para empreender tem melhorado progressivamente nos últimos anos. As contas públicas equilibradas conferem ao Estado uma maior capacidade de investimento.

O investimento público, por sua vez, tem efeito multiplicador sobre o investimento privado. Os investimentos estruturantes e a atração de capital produtivo estrangeiro, aliados aos avanços educacionais, fomentando o capital humano, contribuem para uma maior e melhor dinâmica econômica. Cabe ainda destacar os avanços tecnológicos e a modernização da Junta Comercial do Estado do Ceará, que tem permitido a formalização de novas empresas em tempo recorde. 

Apesar dos aspectos positivos até aqui destacados, os desafios para os empreendedores brasileiros são enormes. O cenário macroeconômico é bastante desafiador. Além do elevado desemprego, o desequilíbrio fiscal e a alta carga tributária inibem a retomada do crescimento econômico. As reformas previdenciária e tributária são, portanto, urgentes.

Após uma aguda recessão no biênio 2015-2016, quando o tombo do PIB foi da ordem de 7%, a economia brasileira registrou em 2017 e 2018 crescimento econômico de 1,1% em cada ano. As expectativas para 2019, que no início do ano apontavam para uma expansão de 2,5%, foram revistas e o mercado espera agora um crescimento em torno de 1%. 

A recuperação econômica, embora lenta e difícil, vem acompanhada de estabilidade monetária. A taxa de inflação para 2019, medida pelo IPCA, deve ficar ligeiramente abaixo da meta de 4,25%. A taxa básica de juros, a Selic, encontra-se em seu menor patamar, 6,5% a.a. Vale destacar as reservas cambiais da  ordem de US$ 380 bilhões que conferem à economia nacional resistência a choques externos desestabilizadores e menor volatilidade cambial. 

Todo câmbio político produz mudanças econômicas. O aceno para um modelo econômico mais liberal tem o potencial de melhorar o ambiente de negócios.  Todavia, as incertezas e os riscos políticos no país permanecem elevados.

Ricardo Eleutério Rocha, economista, professor da Universidade de Fortaleza (Unifor) e Vice-Presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará.