Folia de conscientização

A julgar pelo atual panorama vivenciado em todo o mundo, não parece que o Carnaval já bate à porta do calendário brasileiro de festividades. Neste ano, a tradicional data comemorativa será celebrada em 16 de fevereiro, todavia de um modo bastante diferente. A emergência da pandemia de Covid-19 no Ceará e em todo o País, sobretudo levando em conta a nova alta no número de infecções e óbitos ocasionados pela doença, alterou planos e perspectivas há muito consolidados.

Ao mesmo tempo, propiciou uma série de medidas e ações para tentar frear o contágio pelo novo coronavírus, tendo em vista que o momento costuma ser de grandes e múltiplas aglomerações. Logo nos primeiros dias de janeiro, o Governo do Estado suspendeu comemorações de Carnaval e prorrogou o decreto de isolamento social do fim de ano. Continuam vigentes normas sanitárias que proíbem festas, shows e eventos sociais.

Com isso, alguns dos destinos mais procurados para a folia em solo cearense, a exemplo de municípios como Aracati, Beberibe e Jijoca de Jericoacoara, apostam em estratégias para impedir a transmissão de Covid-19 no referente período. Entre os cuidados, estão delimitação de horário de funcionamento de bares, clubes e barracas de praia e instalação de barreiras sanitárias nos limites de cada cidade. Fiscalização com sistema de videomonitoramento também emerge como uma das diligências.

Em Fortaleza, a Prefeitura suspendeu o Ciclo Carnavalesco, e a expectativa é de que a movimentação de pessoas durante os dias de folia seja completamente alterada. Isso porque, dentre outras resoluções, a costumeira folga no cronograma das escolas particulares do Ceará, suspensa devido à alta de casos de Covid-19, foi reagendada para o segundo semestre, em setembro.

Além disso, especialistas recomendam a restrição de visitantes à Capital, iniciativa apontada como uma das medidas para minimizar os riscos. Resultado: o cotidiano das rodoviárias e do aeroporto igualmente passará por alterações. Um remodelamento geral que também se estende à rotina de trabalhadores diretamente ligados à festa, como participantes de agremiações e vendedores ambulantes. Essas cadeias são algumas das principais prejudicadas com o cancelamento das festividades.

Todo esse intrincado cenário reforça a necessidade de respeitar cada norma e ressignificar o clima de Carnaval - cobrança que não foi respeitada diante das festividades de Natal e Ano Novo. A fim de manter a atmosfera de frescor típica do momento, iniciativas artísticas e culturais transladaram projetos presenciais para execução em formato virtual, contemplando apresentações de bandas, festivais e uma miríade de ações.

Ainda assim, a efetiva atenção aos protocolos preventivos é regra básica, capaz de poupar vidas. Permanecer em casa e evitar aglomerações – seja nas ruas, seja nos próprios domicílios – é a saída mais indicada. Atentar para o prosseguimento do uso de máscara e de outros equipamentos de proteção individual também se concretiza como ação de discernimento e responsabilidade. A realidade do período de Carnaval deste ano, enfim, pode deixar uma valiosa lição: a de que a preservação da saúde de si e do outro é a melhor maneira de celebrar o viver.


Assuntos Relacionados