Por que as candidaturas de negra/os são importantes?

A ampliação do debate sobre a questão racial e a luta antirracista inseridas na agenda política e o êxito nas urnas poderão contribuir para reduzir as desigualdades e o racismo

Legenda: Negros/as reúnem melhores condições de dialogar com a sociedade civil, traduzir importantes informações e de propor ações de combate as violências
Foto: Fabiane de Paula

É preciso avançar na inclusão de grupos étnicos historicamente discriminados no parlamento. Tem se destacado uma maior proporção de candidaturas de preta/os e parda/os nessas eleições de 2022. Importante canal de visibilidade de negras/os comprometidas/os com a pauta do combate ao racismo, enfrentamento das desigualdades raciais e fortalecimento do reconhecimento étnico.

As motivações para o aumento de tais candidaturas encontra razão na necessidade de responder ao atual cenário geopolítico ameaçador de agravamento das condições de vida da população negra com o aumento da fome e da pobreza, escancaramento do racismo estrutural, sistemáticas violações de direitos humanos das pessoas pretas e pardas, aumento do autoritarismo com forte onda reacionária que toma corpo no país com a disseminação do discurso de ódio no ambiente democrático e ataques as mulheres, população LGBTI+ e aos grupos raciais minorizados (povos indígenas, afrodescendentes, religião de matriz africana e afro-brasileiras), negam o pluralismo de ideias, por meio da discriminação e intolerância. E fortalecer as políticas de ação afirmativa já existente e estender as cotas raciais para outras áreas além da educação superior e serviço público.

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Nesses espaços de poder a inserção de negra/os é muito desigual, poucos recursos para campanha eleitoral. Candidaturas de negro/as depositam confiança no processo eleitoral.

Acreditam que a ampliação do debate sobre a questão racial e a luta antirracista inseridas na agenda política e o êxito nas urnas poderão contribuir para reduzir as desigualdades e o racismo com leis e políticas públicas efetivas. Querem mudar a realidade de pouca representação negra nos espaços de poder, com mais diversidade na política. E para ocuparem as Assembleias legislativas e ao Congresso Nacional fazem uso de estratégias inovadora de articulação política entre negros/as e quilombolas, como incentivo as candidaturas coletivas.

Vale considerar as experiências acumuladas de grande parte desse/as candidatas/os como lideranças nos seus territórios, com ativismo mais próximo das pessoas que habitam as periferias desse sistema mundo. Conseguem com competência decifrar as demandas dos grupos mais vulnerabilizados em contextos social e econômico desiguais.

Portanto, negros/as reúnem melhores condições de dialogar com a sociedade civil, traduzir importantes informações e de propor ações de combate as violências, propondo novos pactos civilizatórios com justiça racial e modelo de desenvolvimento social econômico inclusivo com diversidade.

Apoiar essas candidaturas é apostar na diversidade étnica, cultural, de gênero e religiosa como ativos favoráveis a uma vida republicana com fortalecimento da democracia. Portanto, é oportuno o engajamento nas campanhas eleitorais, conhecer as propostas desse/as candidata/os, saber quais diálogos estão travando rumo a futuros possíveis com investimento no desenvolvimento humano.

“Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor”.



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