O futebol não é binário. O que é errado pode ser o certo e vice-versa.
O jogador pode estar a um passo de entrar no paraíso ou no inferno, de ser vilão ou herói e, muitas vezes, as duas coisas num jogo só.
Depois de um primeiro tempo em que o Grêmio teve um pouco mais de posse de bola, o Fortaleza se defendeu bem e não abriu mão de cutucar o time gaúcho.
Éderson teve uma grande oportunidade de marcar, ao receber um lançamento de Ronald, e o Grêmio respondeu, com uma bola no travessão, através de Ferreira.
A literatura do futebol fala sobre coisas sobrenaturais que podem acontecer numa partida de futebol, destacando-se, nesse aspecto, o Sobrenatural de Almeida e o Gravatinha, personagens da obra de Nelson Rodrigues.
Um atrapalhava e o outro ajudava, com suas presenças imaginárias. Os dois estiveram, ontem, em Porto Alegre.
O que aconteceu no segundo tempo de Grêmio e Fortaleza foi de deixar a todos de queixo caído.
O gol perdido por Róbson, esperando que Rafinha surgisse, para que a bola tocasse nele, o pênalti cobrado por Pikachu e o desperdício incrível, depois da defesa do goleiro Mateus Chapecó, foram coisas espantosas.
Na penalidade sobre Róbson, Kannemann, do Grêmio, foi expulso. Na sequência, numa arrancada de Robson, Mateus defendeu, com o pé.
O time gaúcho entrou em desespero e ficou “pronto para o abate”, dilacerado emocionalmente.
Ainda assim, foi capaz de armar um contra-ataque, quando Felipe Alves passou a contribuir com o que o futebol tem de mágico, realizando uma dessas defesas impossíveis numa finalização de Diego Souza.
Um minuto depois, num pênalti cometido por Osvaldo, Diego Souza cobrou e o goleiro do Fortaleza foi mais espetacular ainda, em magistral defesa.
O Fortaleza quase foi castigado, por ter jogado fora as oportunidades de “fechar a conta” no jogo, ao envolver o Grêmio, com um futebol para cima, no ataque.
Bastaria essa narrativa sobre o incrível que ocorreu na partida, entanto, gostaria de dizer que um 0 X 0 pode conter um jogo inesquecível, contar uma história de emoções, como se o placar tivesse sido amplo.
Foi um futebol que mereceu ser visto.