Lula busca construir bases de um palanque em um Ceará diferente do que viu na última visita

O PDT exerce maior influência sobre diferentes quadros políticos, mas o capital político do ex-presidente no Nordeste é cartão de visitas

Legenda: Lula e sua comitiva foram recebidos em Fortaleza por Camilo Santana e parlamentares petistas
Foto: Reprodução

Elegível e cotado como possível presidenciável, o ex-presidente Lula (PT) está de volta ao Ceará quatro anos depois da última visita que fez ao Estado para uma agenda política que, embora aliados digam não ter teor eleitoral, pode construir as bases de um palanque local para 2022. 

Para isso, ele terá a capacidade de articulação política testada em um contexto com algumas diferenças em relação ao encontrado em 2017, quando esteve em território cearense pela última vez. 

Além dos compromissos previstos com o governador Camilo Santana (PT), Lula terá reuniões com representantes de partidos como o MDB, do ex-presidente do Congresso Nacional Eunício Oliveira, além de Psol, PCdoB e PSB, segundo correligionários.

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Durante sua sequência de viagens por estados do Nordeste, ele chegou a se encontrar até mesmo com membros de legendas do Centrão, hoje aliadas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). 

Portas abertas

Reconhecido pela habilidade de trânsito político, o ex-presidente tem feito questão de deixar portas abertas por onde passa para dialogar. As restrições de outrora, ainda resultantes do trauma do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), parecem ter ficado para trás.

Se no campo progressista há uma cobrança por pragmatismo e aglutinação de forças, Lula demonstra estar disposto a jogar o jogo, mas isso também faz lideranças de esquerda olharem com cautela para alguns movimentos do ex-presidente. 

Desde 2017, quando esteve no Ceará durante a caravana Lula pelo Brasil, muito aconteceu com o líder petista – condenado, preso e depois solto – e também com o cenário político estadual.  

Cenário é outro

De lá para cá, enquanto o PDT dos irmãos Ciro e Cid Gomes ganhou força ao se consolidar como o partido com maior representação em território cearense, o PT sentiu uma queda em número de prefeituras – e acumulou a segunda derrota consecutiva da deputada federal Luizianne Lins em disputas pela Prefeitura de Fortaleza. 

O grupo político que faz oposição à direita no Ceará, ao se aproximar cada vez mais de Jair Bolsonaro, também fez aumentar a base política do presidente em municípios que são tradicionais redutos de esquerda. 

Além disso, no amplo arco de aliança que dá sustentação ao Governo Camilo, até mesmo partidos considerados progressistas se aproximam mais do PDT do que do PT nas definições sobre composições eleitorais. O Psol é uma exceção. 

O contexto das conversas, agora, é outro. 

Capital político

De cara, contudo, Lula mostra ser capaz de levar diferentes quadros políticos à mesa. Em âmbito local, a cúpula pedetista exerce maior influência sobre muitos deles, mas a aproximação deste momento, mesmo que o ex-presidente não saia daqui com compromissos selados, pode representar sinalizações valiosas para 2022.

O capital político que ele detém no Nordeste, também cobiçado por lideranças locais, é o cartão de visitas.

Petistas já deixam claro que uma prioridade do partido é garantir palanque a Lula no Estado para o ano que vem. O tamanho dependerá ainda de muitos fatores, incluindo Ciro e Bolsonaro, mas o recado do ex-presidente é de que ele está em campo para tentar (re)conquistar territórios. 

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