Quais as armas das candidaturas mais competitivas em Fortaleza para as eleições municipais

Estrutura partidária, alianças e recursos eleitorais podem fazer a diferença no jogo político na Capital cearense

Legenda: Pré-candidaturas apresentam suas armas para a disputa eleitoral em Fortaleza

A semana iniciou com um avanço nos processos internos do PT para definir a candidatura do partido à Prefeitura de Fortaleza. Embora o grupo de apoio do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão, esteja comemorando a vitória antecipada, aliados da ex-prefeita Luizianne Lins ainda não dão como vencidos. Ninguém jogou a toalha, e há ainda muito por vir até o dia 21 de abril, que é quando os delegados elegem a pré-candidatura. 

Enquanto isso, o prefeito José Sarto (PDT) tenta dizer o que fez à população como forma de se fortalecer eleitoralmente. Agora, mais do que nunca, é a comunicação que precisa fazer efeito para ligar realizações na Capital à imagem do prefeito que está no quarto ano da gestão. Em pleno abril de 2024 não há tanto o que implementar nessa altura do campeonato. A não ser o bom e velho "mostrar o que fez". 

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Paralelo a isso, Capitão Wagner (União) deixou a Secretaria de Saúde de Maracanaú e agora está focado na atuação em Fortaleza. Tem andado pela cidade e conversado com populares. Conhecido do eleitor, o ex-deputado federal quer emplacar a bandeira da mudança fortalecida agora pela experiência na gestão pública. Vai precisar ser visto pelo eleitor como uma opção viável e segura para lidar com tantos problemas em uma das maiores cidades do País. 

Outras pré-candidaturas correm por fora e podem surpreender, como a do deputado federal André Fernandes (PL), que busca surfar na influência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Porém, com menor musculatura eleitoral tendo em vista as votações do ex-presidente na Capital.

Só uma grande surpresa no processo eleitoral formaria a disputa de segundo turno em Fortaleza sem os integrantes desse trio. E é a partir desse cenário que analisamos as armas que cada um tem e que já implementam nesse momento com o objetivo de se fortalecerem para outubro próximo. 

Aliança

A candidatura do PT, que deve ser confirmada sob a liderança de Evandro Leitão, tem como principal trunfo as alianças políticas. Esse nome aposta na força do ministro Camilo Santana, na parceria do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e no apoio do governador Elmano de Freitas para vencer as eleições e gerir Fortaleza. 

As alianças, porém, não se firmam apenas dentro do partido. O grupo quer manter unida as siglas que elegeram, ainda no primeiro turno, Elmano de Freitas nas eleições de 2022. Para o embate municipal, esse grupo de partidos ficou ainda mais coeso, com a chegada de novas agremiações. 

Em 2022, Elmano venceu o pleito com o apoio do MDB, PP, Psol, Rede, PCdoB, PV, Solidariedade e PRTB. Para as eleições municipais, chegaram PSB e PSD – duas legendas com força eleitoral e financeira que podem ser decisivas em uma disputa acirrada como se espera para a capital cearense. 

O alinhamento político vai ser o principal foco da campanha petista, que buscará convencer o eleitor de que é possível fazer mais na cidade pela capacidade de articular alianças com gestores a nível estadual e nacional. Foi com esse discurso que Elmano venceu Capitão Wagner e Roberto Cláudio na última eleição. Para a Capital, porém, há peculiaridades que os profissionais da política conhecem bem. Evandro, como candidato de primeira viagem, precisará mostrar autonomia diante de tantos apoios e lideranças no pleito. 

‘Pela primeira vez’

Quem trabalha espera reconhecimento. Assim deve ser o objetivo do prefeito José Sarto (PDT) que vai buscar a reeleição daqui a alguns meses. Para ele, não tem estratégias mirabolantes ou muita ciência política para estruturar a campanha. O prefeito precisará convencer o eleitor de que o que foi feito nos últimos quatro anos foi aprovado, e que ele merece uma nova oportunidade. 

Nas inserções de televisão, a gestão municipal tem apostado no slogan ‘pela primeira vez’. É o ineditismo de políticas públicas, reforçado pelo prefeito, para colar a imagem das realizações na figura política dele. Se vai funcionar, só o tempo dirá. Mas é o único caminho a seguir. 

O eleitor que vota em prefeito é exigente. Cada eleição demonstra menos paciência com o modo de gerir, e há cobranças de ações mais ágeis e impactantes. E é esse desafio que Sarto pretende vencer. O passe livre estudantil com duas passagens por dia na semana, por exemplo, é uma força eleitoral que impacta o público de baixa renda, de escolas e universidades que foram beneficiados diretamente com a política pública. 

Com dificuldades de formalizar parcerias com o governo estadual, o prefeito tem recorrido a empréstimos junto ao Poder Legislativo para executar o que já tem tocado e estruturar um plano de governo para o próximo período caso seja reeleito, com políticas concretas consolidando uma marca da gestão. 

Um novo ciclo

Capitão Wagner (União) vai disputar a eleição em Fortaleza pela terceira vez consecutiva. Apesar das derrotas, segue competitivo para outubro. O eleitorado da Capital cearense encerrou um ciclo político ao eleger Luizianne Lins em 2004, derrotando o candidato do então prefeito Juraci Magalhães (na época do MDB). Oito anos mais tarde, o fortalezense elegeu Roberto Cláudio, encerrando o ciclo do PT na gestão. Oito anos depois, o ex-deputado federal Capitão Wagner por pouco não encerrou o ciclo do PDT. Foi uma margem apertada de votos. 

Depois de ser o candidato mais votado em Fortaleza na disputa pelo Governo do Estado em 2022, Wagner vai precisar apostar no desgaste natural do PDT no comando da cidade há 12 anos e convencer o eleitor de que é preciso mudar. Para esse convencimento, tem buscado ajustar a sua imagem a de um candidato moderado, longe de uma proposta mais agressiva ligada ao bolsonarismo ou monotemática na área da segurança pública. O eleitor não precisa votar com medo, mas com confiança. E ele tem entendido isso. 

Entendeu quando se aproximou de pautas sociais indicando a advogada Kamila Cardoso a vice na eleição de 2020, e agora quando geriu a saúde de Maracanaú por um ano como secretário. Quer mostrar que tem experiência e que não vai participar da rinha política que tem desgastado o noticiário político entre PT e PDT nos últimos dois anos. 

Por outro lado, não pode prometer um novo ciclo sem uma proposta sólida, muito menos poderá desconhecer avanços que a cidade passou recentemente. Sem apoio de padrinhos políticos, o cenário para Wagner é instrumentalizar uma mudança de ciclo madura e possível.

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