O que dizem petistas cearenses sobre a chapa Lula-Alckmin em 2022

O nome do ex-tucano agrada no cenário de ampla aliança contra o presidente Bolsonaro

Legenda: Petistas consultados pela coluna gostam da aproximação do ex-tucano com Lula
Foto: Natinho Rodrigues, Junior Pio e Alex Ferreira

Petistas do Ceará consultados pela coluna enxergam com bons olhos a possível parceria político-eleitoral entre o ex-presidente Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin para as eleições presidenciais de 2022.

Após rumores de que poderiam seguir juntos na eleição de outubro, os ex-adversários políticos foram vistos juntos pela primeira vez em jantar promovido pelo Grupo Prerrogativas – entidade constituída de advogados que atua pelo fortalecimento da democracia.

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O presidente do PT no Ceará, Antônio Filho, conhecido como Conin, defende que uma frente ampla precisa ser construída para o combate a uma "ameaça fascista no Brasil". Essa construção, segundo ele, pode passar pela formação de uma chapa com o ex-tucano e histórico adversário do PT.

"É uma ameaça que o Brasil já vive e que essa situação e esse momento histórico exige a necessidade de reunir os democratas, que têm compromisso com estado de proteção social, com as instituições. E as disputas que tivermos com o Alckmin foram dentro do patamar de disputa democrática, de respeito", argumenta o dirigente.

Apesar das diferenças históricas, para Conin o que une Lula e Alckmin é o campo democrático que vai ajudar a construir uma trincheira contra as consequências do bolsonarismo no País.

"Toda essa pauta que é o desdobramento do bolsonarismo acaba nos obrigando a ter esse sentimento de salvação nacional. E acredito que vai ser um gesto para juntar ainda mais gente", diz o presidente.

Coalizão

O deputado estadual Acrísio Sena ressalta que a "chapa Lula-Alckmin é uma clara sinalização de que o próximo governo terá necessariamente de ser de coalizão, num esforço para sedimentar uma ampla aliança de forças democráticas para retirar o País do caos político, econômico, social e cultural da Era Bolsonaro". 

Acrísio minimiza as disputas eleitorais com o tucano ao argumentar que a união de dois ex-adversários é também um forte recado de que política se faz com maturidade, sem tratar o oponente como um inimigo. 

"O mais importante agora é superar divergências e focar num projeto nacional de justiça social, que se debruce sobre questões fundamentais, tais como emprego, renda, educação, saúde e moradia", diz o parlamentar.

O deputado federal José Airton é outro petista que vê qualidades no ex-governador de São Paulo. "Tenho muito respeito pelo Alckmin até pela figura humana que ele é. Como diz o Lula, é um dos poucos tucanos que gosta de pobre", diz o deputado.

A ressalva feita por Airton é que a escolha de Geraldo pode centralizar a chapa com lideranças de São Paulo – já que a base eleitoral do ex-presidente Lula foi estabelecida na região.

"Particularmente, eu avalio que a chapa fica muito concentrada em São Paulo, penso que talvez fosse mais apropriado um nome que agregasse outra região, que tivesse o perfil semelhante, mas um nome como foi o José Alencar", sugere o deputado.

Ex-tucano

Geraldo Alckmin pediu desfiliação do PSDB nos últimos dias, antes de aparecer lado a lado com o ex-presidente Lula. Há a expectativa que o ex-governador se filie ao PSB e consolide a pré-candidatura de vice em chapa com Lula.

No entanto, ainda há a possibilidade de Alckmin entrar nas fileiras do PSD. Lula admite, inclusive, que seja mais estratégico para a governabilidade.

Repercussão

O ex-prefeito de São Paulo, e pré-candidato ao governado paulista, Fernando Haddad, admitiu, em entrevista à Rádio Bandeirantes, ter sido o responsável pela aproximação entre o ex-tucano e o petista.

Derrotado por Jair Bolsonaro (PL) em 2018, Haddad disse que a pré-campanha de 2022 deveria começar pelo segundo turno, buscando apoio de lideranças que não haviam apoiado o PT contra a candidatura bolsonarista. 

“Eu falei: ‘Presidente, vamos começar a eleição pelo segundo turno’. O que quer dizer? Se eu tivesse tido o apoio do PSDB e do PDT no segundo turno de 18, esse desastre que está acontecendo no Brasil, com a eleição de uma pessoa completamente despreparada para governar o país, não estaria acontecendo. Então, eu vivi na pele o é um segundo turno mal arrumado. O PSDB e o PDT não podiam ter feito o que fizeram sabendo quem era o Bolsonaro”, disse.

Em meio a essa aproximação entre ex-adversários, um mal-estar foi gerado no jantar promovido pelo Prerrogativas. A ausência da ex-presidente Dilma Rousseff foi sentida e acabou sendo problematizada.

O fato precisou ser esclarecido publicamente pela presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann.

 



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