Futebol e política: relembre as polêmicas envolvendo Ceará e Fortaleza

Não é de hoje que os dois maiores clubes do Estado têm questões políticas a resolver

Legenda: Nos últimos anos uma série de episódios políticos envolveram times cearenses
Foto: Reprodução e Câmara dos Deputados

A polêmica envolvendo a deputada federal Carla Zambelli (PSL), que assistiu ao jogo entre Fortaleza e Sousa (PB), no Castelão, no último domingo (30), sem apresentar o passaporte da vacina contra a Covid-19, continua dando o que falar.

O presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, inclusive, gravou um vídeo dando a versão do clube sobre o fato.

O episódio, que foi criticado por parte da torcida Tricolor, não é o primeiro nem será o último em que a mistura de política e futebol alimenta confrontos ideológicos nas redes sociais. 

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Em 2018, por conta da polarização da disputa presidencial, entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (à época do PSL), uma publicação no perfil oficial do Fortaleza precisou ser excluída.

O clube, que vinha postando ao longo dos dias as parciais de ingressos vendidos entre Fortaleza e Paysandu, pela 32ª rodada da Série B do Brasileirão, viu o "tempo fechar" com uma publicação que informava a venda de 17.177 ingressos.

Legenda: Post rendeu polêmicas entre a torcida
Foto: Reprodução/Instagram

Naturalmente, muitos vincularam à campanha de Jair Bolsonaro, que tinha o número 17 para digitar na urna. Em meio à politização da publicação, o clube achou melhor deletar o post.

Nas outras postagens, houve reações pela decisão dos administradores da página. "Oxente, tiraram a última parcial por quê?", escreveu um torcedor.

"Vergonha tirar a última parcial por causa de petista. Isso é futebol", condenou outro internauta.

De outro lado, houve elogios pela postura da equipe. "Parabéns à diretoria por apagar a postagem alusiva a um candidato a presidente do Brasil. Nossa torcida é enorme, é gigante e tem diversidade a ser respeitada. Além do mais, o clube não deve se envolver com política", cobrou o torcedor.

Diversidade

Em junho de 2021, o Ceará Sporting Clube, mais uma vez, optou por não se pronunciar a respeito do Dia do Orgulho LGBTQIA+. Dessa vez, a torcida resolveu criar um movimento nas redes sociais cobrando uma postura política do clube sobre o tema.

A hashtag #SePosicionaCeará foi levantada no Twitter para cobrar uma atitude da equipe Alvinegra.

"Um clube que se diz do povo não pode se omitir. O Ceará é da torcida, não dos que hoje compõem a diretoria. E a torcida é composta por uma massa de diferentes tipos de pessoas, inclusive as do grupo LGBTQIA+. Não se pode virar as costas para isso em pleno 2021", cobrou um torcedor.

O assunto, claro, logo mexeu com os brios da torcida, e a discussão foi levada para questões envolvendo posicionamentos políticos entre esquerda e direita.

"Hoje, 30 de junho, comemoramos mais uma data que realmente importa, que é o dia do caminhoneiro. Parabéns a esses guerreiros que carregam o Brasil em suas carrocerias. Esperamos um posicionamento do clube que se diz de todos, mas esqueceu o dia do pescador", ironizou outro internauta que discordava de um posicionamento do clube sobre a pauta da diversidade.

"Privilégio"

Em agosto de 2021, quando a torcida ainda não estava liberada para visitar os estádios, o vereador Carmelo Neto (Republicanos) foi a um jogo do Ceará.

O episódio gerou polêmicas e o parlamentar recebeu críticas na própria publicação no Instagram. O vereador foi apontado como privilegiado por ir ao jogo enquanto a torcida estava proibida.

"Sabia que o Castelão tava deixando público de fora dos times não. Camilo Santana, se ele pode todo mundo pode, né?", provocou um torcedor.

Outro internauta também criticou a visita do parlamentar à Arena Castelão. "Não vou deixar de seguir por você torcer Ceará, vou deixar de seguir e votar (em você) pelos privilégios. Sou de direita, sou cidadão, trabalhador, pagador de impostos e não posso ir ao estádio", criticou.

Filiação

Em dezembro do ano passado, o vice-presidente do Fortaleza, Geraldo Luciano, se filiou ao Podemos, partido comandado pelo senador Eduardo Girão no Estado.

Geraldo Luciano
Legenda: Dirigente do Fortaleza, Geraldo Luciano é filiado ao Podemos
Foto: Reprodução/Instagram

Em tese, o empresário vai cuidar das finanças do partido e tem dito que não tem pretensões eleitorais. O vice-presidente do Fortaleza, no entanto, já foi filiado ao NOVO e considerou lançar candidatura à prefeitura de Fortaleza. É esperar para ver.

Disputa eleitoral

É bom lembrar que nem só de polêmica vivem os clubes com a política. Nomes ligados ao Ceará e Fortaleza já deixaram as administrações esportivas para ganhar terreno na disputa eleitoral sem precisar criar confusão para a "transição".

Ex-presidente do Ceará, Evandro Leitão acabou ganhando destaque na política partidária. Foi eleito deputado estadual e agora ocupa a presidência da Assembleia Legislativa. É, entre outros nomes, pré-candidato do PDT ao Governo do Estado.

Pelo lado do Fortaleza, o ex-presidente do clube, Luis Eduardo Girão, se elegeu senador em 2018. O empresário tem mandato garantido em Brasília até 2026.

Girão e Evandro, assim como no esporte, ocupam lados opostos na política cearense.



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