Preço da gasolina não vai baixar com apontamento de dedo entre Bolsonaro e estados

Falta às esferas do poder discutir o tema de maneira construtiva e republicana

Legenda: Preço da gasolina não dá sinais de trégua
Foto: Thiago Gadelha

Enquanto o consumidor sofre com os efeitos tenebrosos da inflação da gasolina, o presidente Jair Bolsonaro limita-se a culpar os estados pelo preço intragável dos combustíveis, e, na contramão, os governadores mantêm o debate em um tom pobre ao apenas devolver o apontamento de dedos do Governo Federal.

Criada por Bolsonaro e agora esquentada pelos estados, esta guerra narrativa vazia em nada servirá para sanar o problema de forma objetiva.

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A gasolina não vai ficar mais barata — menos cara seria uma definição melhor — com troca de acusações.

Por óbvio, em tempos de pós-verdade, é importante esclarecer à sociedade como funciona a precificação dos combustíveis. O presidente tenta se esquivar desta pauta negativa ao eleger o ICMS (imposto estadual) como o grande vilão dos preços.

Ora, é fato que este imposto incidente sobre a gasolina é um mastodonte que precisa ser rediscutido com urgência, mas não muito tempo atrás, o litro da gasolina estava na casa dos R$ 3,50 com o mesmo percentual do ICMS que se tem hoje.

Política da Petrobras e falta de diálogo

O aumento agudo da gasolina, principalmente a contar do início de 2021, tem muito mais a ver com a desvalorização do real ante o dólar e a cotação do barril de petróleo no mercado internacional, fatores primordiais para a Petrobras na precificação dos combustíveis nas refinarias.

Contudo, apesar da constante verborragia presidencial e da incapacidade de Bolsonaro em assumir concretamente a responsabilidade federal por qualquer agenda negativa no País, os estados também têm sua parcela de incumbência nesta saga e precisam assumi-la.

É premente reconhecer que o ICMS é elevado e se discutir, de maneira construtiva, com as demais esferas as possíveis soluções para mudar a composição tributária da gasolina, preservando a saúde fiscal dos estados.

Ainda assim, apenas reduzir impostos poderá surtir efeito limitado se os demais fatores considerados na política de preços da Petrobras saírem do controle. Portanto, trata-se de um tema complexo, e não há soluções simplistas para questões intricados

Será que o litro da gasolina terá de chegar a R$ 10 para que, enfim, se promova um grande e plural esforço nacional para abordar a espinhosa questão?



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