Listas de super-ricos costumam causar fascínio ou, no mínimo, curiosidade, entre os cidadãos em cujas contas bancárias estão depositados valores ordinários. Essa bisbilhotice fetichista pela fortuna alheia ocorre por toda parte do mundo e, no Ceará, tem motivo para ser forte.
O motivo é o elevado número de bilionários cearenses. Segundo os recém-divulgados números da Forbes referentes a 2023, o Ceará possui 17 bilionários. O seletíssimo grupo de ricaços é superior aos 16 da lista passada, mas impressiona ainda mais se comparado ao cenário do Nordeste.
RANKING DOS BILIONÁRIOS POR ESTADO
São Paulo: 105;
Rio de Janeiro: 40;
Santa Catarina: 35;
Rio Grande do Sul: 20;
Minas Gerais: 19;
Ceará: 17;
Paraná: 7;
Goiás e Pernambuco: 6;
Maranhão: 4;
Bahia: 2;
Espírito Santo, Pará e Paraíba: 1.
No total da região, há 30 pessoas com fortunas superiores a R$ 1 bilhão. O Ceará, portanto, concentra mais da metade dos super-ricos nordestinos.
O segundo estado do Nordeste com mais bilionários é Pernambuco, com seis. O terceiro é o Maranhão (4) e o quarto, a Bahia (2). Somados, esses três ainda têm cinco bilionários a menos que o Ceará, que até nacionalmente se destaca no ranking da Forbes, sendo o sexto colocado - não muito distante de Minas Gerais, com 19 bilionários, e Rio Grande do Sul (21).
O que explica o alto número de fortunas
No entanto, considerando que a economia do Ceará é apenas a terceira maior do Nordeste e está longe de ser uma das principais forças motrizes produtivas do Brasil, o que explica o expressivo número de fortunas que ultrapassam a marca bilionária no Estado?
Um dos fatores é a quantidade de empresas cearenses com capital aberto na Bolsa, número que cresceu nos últimos anos. Apesar do PIB de menor porte, o Ceará detém 9 companhias listadas, enquanto Pernambuco e Bahia, juntos, não atingem tal quantidade.
Estão listadas em Bolsa: M. Dias Branco, Hapvida, Arco Educação, Pague Menos, Aeris Energy, Grendene, Brisanet, Banco do Nordeste e Coelce (Enel Ceará).
Das 17 mega fortunas cearenses, 13 estão ligadas a negócios de capital aberto, nos setores de saúde privada, farmácia, indústria de alimentos, shoppings center e telecomunicações.
Essas empresas de grande porte captam recursos no mercado de capitais para executar projetos e financiar planos de expansão.
Grandeza e empreendedorismo
O tamanho das empresas, aliás, também ajuda a explicar o fenômeno. O Ceará é sede de companhias que concentram relevantes fatias de mercado em seus respectivos setores, como Hapvida, Pague Menos, M Dias Branco e Brisanet. Tais negócios disputam o topo de seus ramos de atuação e crescem ano após ano.
Outro motivador, claro, é a vocação empreendedora dos executivos cearenses que fundaram negócios lucrativos e edificaram as companhias a lugares de destaque nacional e internacional em setores potentes e competitivos.