Paulo Câmara deixa presidência do BNB; diretor assume interinamente
Banco do Nordeste será comandado de forma interina por Wanger Rocha, diretor financeiro
Após dois anos e sete meses, chega ao fim a gestão de Paulo Câmara no Banco do Nordeste (BNB). Nesta terça-feira (21), a saída do pernambucano foi oficializada.
A cobiçada cadeira será ocupada interinamente por Wanger Rocha, atual diretor financeiro e de crédito. Segundo informações de Fato Relevante divulgado na noite desta terça-feira pelo BNB, Wanger acumulará os dois cargos.
Câmara deixa o banco em velocidade de cruzeiro, com recordes batidos nos principais indicadores. Ele sai após um imbróglio envolvendo a Lei das Estatais. Ainda está em aberto a possibilidade de ele retornar em janeiro de 2026. A decisão caberá ao presidente Lula.
"Não quero alimentar isso, porque conheço a política. Tudo pode mudar", disse Câmara, em entrevista exclusiva a esta Coluna.
As mudanças incluem ainda a entrada de Raimundo Vandir Farias Júnior como diretor de negócios do BNB no triênio 2025-2027 em substituição a Luiz Abel Amorim de Andrade. A posse do novo diretor deve ocorrer em até 30 dias.
Tensão nos bastidores
Nos bastidores da entidade de fomento, a saída de Câmara reinaugura um clima de tensão que havia sido pacificado sob a gestão do pernambucano. O temor de servidores de carreira é que o BNB volte a ser alvo de do apetite voraz de políticos que ambicionam cargos estratégicos, sobretudo o de presidente, deixando de lado os resultados técnicos.
Câmara, contudo, afirma que a governança do BNB está mais madura. “Hoje o banco tem uma governança que protege muito contra pressões políticas. Passa pelos comitês, pelos colegiados. Não é mais como antigamente", diz.
'Missão cumprida'
Ele destaca que ficou em situação regular durante toda sua passagem e que o sentimento é de missão cumprida. “Quando cheguei, os recursos estavam na casa dos R$ 40 bilhões. Agora vai chegar perto de R$ 70 bilhões. A gente alavancou esse número. Crescemos também em desembolso, que era uma crítica recorrente; contratava e não desembolsava. Hoje, o volume desembolsado está muito mais próximo do contratado”, comenta.
“O fortalecimento do Banco do Nordeste é muito importante para a região. A gente tem um risco com a reforma tributária. Se lá na frente não houver nenhum outro instrumento de atração de investimentos, o FNE vai se tornar ainda mais essencial. Ele é um instrumento que precisa ser muito preservado e aprimorado”, ressalta.
Sobre o futuro, além da possibilidade de regressar ao banco, Câmara disse que estará aberto a eventuais missões que Lula venha a delegar.
"Por enquanto, vou tirar férias, porque não tirei nesses três anos. E vou fazer um check-up na saúde”, diz.
Confira a nova diretoria do BNB:
- Wanger Antônio de Alencar Rocha: presidente interino e diretor financeiro e de crédito;
- Ana Teresa Barbosa de Carvalho: diretora de administração;
- Antônio Jorge Pontes Guimarães Júnior: diretor de ativos de terceiros;
- José Aldemir Freire: diretor de planejamento;
- Leonardo Victor Dantas Cruz: diretor de controle e risco;
- Raimundo Vandir Farias Júnior: diretor de negócios.