Pandemônio em SP põe Enel na corda bamba no Ceará
Com imagem nacionalmente maculada, empresa não tem margem para novas crises no Ceará
Depois de um tsunami de falhas operacionais escandalosas, o mercado e a política já dão como certo o fim do ciclo da Enel em São Paulo. Resta saber quais serão os termos dessa ruptura.
Embora o epicentro da nova crise ocorra a 3 mil quilômetros de distância de Fortaleza, não há como a operação da Enel Ceará passar incólume.
Em São Paulo, o furacão da concessionária não se formou de uma vez só. Ganhou corpo com diferentes episódios que gradualmente criaram um clima de colossal insatisfação contra a empresa na opinião pública.
No caso da Enel Ceará, guardadas algumas diferenças, a paciência da sociedade - e isso inclui pessoas físicas, empresas e o mundo político -, também está perto de um ponto de saturação irreversível. Aliás, vem aí a temporada de chuvas no Estado, que será um grande teste para a Enel.
O tempo é crucial, pois a companhia italiana busca renovar sua concessão no Estado, junto à Aneel.
Sem espaço para erros
Caso a concessionária de energia volte a ser a vilã da quadra chuvosa, gerando prejuízos a moradores e negócios, seria esperado um movimento como o que ocorre em São Paulo, sobretudo considerando que a marca está nacionalmente maculada.
Convém resgatar também que a empresa já havia saído de Goiás, negociando sua operação naquele estado após também ser alvo de pesadas críticas, inclusive do próprio governador Ronaldo Caiado.
No Ceará, a Enel tem seu próprio catálogo de tombos, tendo sido até alvo de CPI, sem contar inúmeros eventos nos quais deixou os cearenses enfurecidos pelas suas deficiências operacionais. Chegou a ser colocada à venda, mas a matriz recuou.
Em 2025, os serviços, em linhas gerais, apresentaram melhora - ao que parece, a mudança de CEO no Ceará foi positiva -, mas eventuais vacilos durante as chuvas ou no Carnaval podem colocar a empresa novamente na berlinda.