Não é só o McPicanha que não tem picanha; o brasileiro mal sabe o que é

Um dos cortes preferidos dos brasileiros, a picanha está passando longe da mesa dos consumidores. Preço subiu 25% só no ano passado

Legenda: McPicanha saiu do cardápio da rede de fast food após exposição do problema
Foto: Divulgação

O curioso caso do sanduíche chamado de McPicanha que não tem picanha não é só uma amostra tosca de enganação publicitária contra milhões de consumidores. Funciona também como uma ironia de mau gosto sobre a nova realidade alimentícia dos brasileiros, cuja mesa também não possui picanha.

Em 2021, a população teve o menor consumo de carne vermelha em 25 anos, conforme dados Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

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Consumo de carne caiu quase pela metade

A média foi de 26,5 kg de carne por habitante, 40% a menos que o resultado mais forte da história, em 2006, quando a proporção foi de quase 43 kg por pessoa.

O resultado é explicado pela forte inflação da proteína bovina e pela deterioração da renda da população que, por força da crise econômica, teve de abdicar da proteína historicamente predileta dos brasileiros.

Somente no ano passado, a picanha ficou quase 25% mais cara. Outros cortes menos nobres, como alcatra, patinho e contrafilé, também acumularam altas expressivas, obrigando as famílias a buscarem alternativas.

  • Picanha: 24,5%
  • Frango inteiro: 21,2%
  • Alcatra: 15,87%
  • Contrafilé: 13,27%
  • Patinho: 11%

Por isso, não é de surpreender que até mesmo uma gigante do fast food mundial tenta dar um jeitinho capcioso para evitar comprar picanha. O Brasil não está para picanha.



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