Embora venha recebendo grande atenção mundial, o hidrogênio verde ainda precisa transpor entraves significativos para engrenar uma marcha mais célere e começar a sair do campo das intenções. A principal delas, hoje, é o preço.
Assim pensa Maia Júnior, secretário do Desenvolvimento Econômico do Ceará, estado que vem capitaneando as discussões sobre o tema, já acumulando 24 protocolos assinados com potenciais investidores de H2V.
"O mundo está estabelecendo um preço para o hidrogênio. Os produtores de hidrogênio precisam de outros produtores e distribuidores, de energia de água, por exemplo, para formar esse preço. Essa negociação deve acontecer no próprio mercado, entre esses atores. Esse é o grande desafio do momento".
Ele frisa que, nesse processo, o Governo não pode arbitrar, pois cabe estritamente ao setor privado fazê-lo. "Quando eles se acertarem e encontrarem um preço que ofereça ao produtor de hidrogênio um target, a gente deslancha", prevê Maia.
O secretário afirma que, por enquanto, os players estão em "stand-by", negociando com produtores de energia, água e tancagem.
Custos de produção
"Se só a Fortscue fosse exportar hidrogênio, o Porto do Pecém já estaria pronto para isso, mas o custo de tancagem hoje estaria em torno de 70 dólares. Se ela juntar cinco parceiros, esse custo cairia para 30 dólares, por conta da escala. O mercado vai pagar um preço maior no início, é fato, mas não pode ser tanto", detalha.
Uma outra demanda para destravar os investimentos é a regulamentação nacional do hidrogênio verde. A expectativa é que isso ocorra até a metade de 2023.
Para Maia, o projeto de transição energética "está no colo do Nordeste" e deverá ter o apoio do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Ele acredita que as energias renováveis poderão acabar com o desemprego no Ceará, desde que haja qualificação profissional na área.
"As nossas universidades terão um upgrade enorme. Isso exige centros de inteligência de primeira linha. Vai haver um crescimento na área de inovação e pesquisa porque estamos falando de uma nova indústria para o Ceará. É um olhar transformador", diz.
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