Com petróleo em alta, quando a gasolina deve ficar mais cara nos postos?

Analistas afirmam que o cenário é de repasse de novas altas aos consumidores, o que deve ocorrer nas próximas semanas

Legenda: Novas altas na gasolina são previstas
Foto: Kid Júnior
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Com o barril do petróleo ultrapassando a marca de US$ 110 por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, é questão de tempo até que as altas cheguem à gasolina para o consumidor no Brasil.

Diante do cenário de tensão e incerteza, analistas de mercado estão prevendo que o barril pode bater US$ 150, o que superaria o recorde de 2008, na crise econômica global daquele ano.

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A última alta na gasolina e no diesel anunciada pela Petrobras foi no dia 12 de janeiro. Já são 50 dias sem aumentos. Mas, com o contexto desfavorável de instabilidade geopolítica e comercial, até quando essa estabilidade nos preços se manterá?

Especialistas consultados pela Coluna avaliam que novos aumentos nos preços às refinarias devem ocorrer nos próximos dias ou, no máximo, semanas. Em seguida, as elevações chegarão aos postos.

Dólar e petróleo

O que vinha segurando possíveis elevações era a trajetória de valorização do real sobre o dólar, outro importante componente para a definição do preço da gasolina no Brasil, conforme a política praticada pela Petrobras.

A moeda norte-americana chegou a cair para R$ 5, o que acabou por contrabalancear a apreciação do petróleo, como explica o economista Ricardo Coimbra, conselheiro do Corecon-CE (Conselho Regional de Economia).

Contudo, o dólar voltou a subir, já se reaproximando do patamar de R$ 5,20. Somado às fortes altas do petróleo, tem-se um cenário em que, já nesta ou na próxima semana, a Petrobras deve anunciar novos aumentos, projetam economistas.

"A Petrobras ainda não aplicou esses efeitos no preço da refinaria pela volatilidade do mercado, o que deverá ocorrer nos próximos dias", prevê Bruno Iughetti, consultor na área de petróleo e gás.

Petrobras vai repassar altas

"A Petrobras não tem muito o que fazer, porque a política dela é de repasse nos preços. Já nesses dias, ela já está comprando petróleo e derivados com preços mais elevados. É provável que já nos próximos dias, já tenha novos repiques de preços de combustíveis", reforça Ricardo Coimbra.

A projeção é endossada por Ricardo Eleutério, economista e professor da Unifor. "Deve ter alta, dado que a política para a definição de preços dos combustíveis no Brasil não se alterou e continua acompanhando o comportamento do preço do barril no mercado internacional e a cotação do dólar", diz e acrescenta que o conflito trará mais inflação e menos crescimento econômico ao Brasil e ao mundo.

"É tudo o que não precisávamos depois de dois anos de pandemia", afirma Eleutério.

Coimbra destaca que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou a liberação de estoque de petróleo para conter a majoração. Segundo ele, é preciso observar o comportamento dos preços nos próximos dias para perceber se a medida será eficiente em evitar uma disparada da commodity.



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