Você sabe como estabelecer limites com quem se relaciona?

Legenda: Quando existe clareza nos limites, as partes sabem até onde ir
Foto: Pexels

Você lida bem com limites? Tanto para pôr como para receber? Pois é, esse é o tema da nossa conversa hoje. 

Lidamos com eles no nosso dia a dia. Aparece nas nossas rotinas, quando temos horários marcados a cumprir. Quando, no trânsito, o semáforo fica vermelho e temos que parar, mesmo com vontade de “furar” o sinal e ir em frente. Quando queremos alguém e não somos correspondidos etc. 

A criança, no seu desenvolvimento natural, precisa receber o não como parte dos processos de aprendizagem dos limites. Se deixá-la reger-se por suas vontades, fazendo tudo que quiser, não tendo condições de discernir o que é bom ou não, trará diversos problemas para si e com quem se relacione, não só durante a infância, mas principalmente ao longo da vida.  

Veja também

Com a não realização dos seus desejos, virá a frustração. E junto, os sentimentos de raiva e tristeza. Às vezes a tristeza esconde a raiva e outras vezes a raiva esconde a tristeza, pois a criança é só emoção, impulsionando reatividade, como a birra, por exemplo. Porém, experimentar esses sentimentos são necessários para o desenvolvimento saudável. 

Muitos pais têm dificuldade de dizer não para seus filhos. Em nome do amor, permitem o que podem e o que não podem para estes. Esquecendo que um dos pilares do amor “saudável”, são os limites.

Para mim, a verdade é que não existe amor sem limites. 

Se estes não são definidos e praticados, geram uma distorção na construção da individualidade do sujeito. Vejam um exemplo: quantos jovens postergam a saída de casa por se sentirem despreparados para assumirem “a vida lá fora”? Consciente ou inconscientemente, o mundo real os apavora por terem se acostumado com as proteções (ou superproteções?) dos pais. Por medo, por não acreditarem em si, que são capazes, deixam de enfrentar os desafios e obstáculos do mundo real, perpetuando a dependência.  

Quem não consegue pôr limites para si, terá muita dificuldade de pô-los para outrem 

Certa vez li uma frase que dizia: “O não é uma palavra curta capaz de resolver muitos problemas compridos”. Nos relacionamentos afetivos, quantos problemas e sofrimentos poderiam serem evitados com simples não, dado no momento certo e da forma correta. 

Quando existe clareza nos limites, as partes sabem até onde ir. No entanto, quando a pessoa não se respeita, autoriza o outro a desrespeitá-la.  

É natural existirem conflitos nos relacionamentos. Mas se os conflitos forem repetitivos, cabe refletir o quanto você contribui para tanto. Não vá pelo caminho mais fácil que é culpar os outros. Autorresponsabilidade é fundamental para o crescimento pessoal e a boa convivência. 

Se você diz que a causa de seus problemas é o outro, fica implícito que a solução também é deste. E então, sua saúde, seu bem-estar, sua felicidade está nas mãos de quem?  

Outro exemplo envolvendo distorção de limites: pode ser que desde muito cedo, tenha escolhido ser bonzinho (inconscientemente), dizendo sim para tudo e todos, para que todo mundo gostasse de você. Passando por cima de si mesmo, na ilusão de que o outro o amaria. 

Já deve ter percebido que isso não garante que o outro fique com você. Na maioria das vezes, viverá uma grande decepção e pagará um preço caríssimo. 

Tenta identificar na sua vida onde você precisa rever os seus limites e os dos com quem convive. Tanto consigo mesmo, como nos seus relacionamentos. Se tiver dificuldade em encontrar procura ajuda. Vale a pena investir no autoconhecimento. 

Reflita e tire suas conclusões. Paz e bem! 

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.



Assuntos Relacionados