A Copa do Nordeste chega à fase decisiva. E chega diferente. No início da competição, o Bahia e o Sport pintaram como favoritos. Claro, o Fortaleza também. Mas em campo nem sempre prevalecem os prognósticos. Não raro, o futebol contraria a natureza das coisas. E foi assim que o CRB traçou o seu caminho. Eliminou o Ceará. Eliminou o Bahia. Chegou.
Agora o time alagoano está pronto para encarar o Leão. O Fortaleza, a meu juízo, é o favorito. Tem um elenco que oferece mais opções ao técnico Juan Pablo Vojvoda. Tanto é verdade que, mesmo usando time misto, conseguiu ganhar do Athletico-PR (1 x 0). Até então o Athletico era o líder da Série A nacional. E Vojvoda somente passou a usar os titulares na reta final da partida. Prova a força do elenco tricolor.
Há, porém, o fato de a decisão ter característica especial. Entram fatores extras. Assim, o CRB, como finalista surpresa, deve ser olhado com muito respeito. Não chegou à decisão por acaso. Chegou por mérito. Isso serve de oportuna advertência ao Leão. Então, abrir vantagem no saldo de gols em casa passou a ser a missão tricolor.
O CRB tem uma marcação muito forte. Foi assim que segurou o Bahia em plena Fonte Nova. Empatou (0 x 0) no tempo normal e ganhou nos pênaltis. É bom lembrar que o Bahia, no tempo normal, mandou duas bolas na trave. O CRB teve personalidade para neutralizar a pressão. Quero crer que virá bem fechado no jogo de hoje no Castelão.
O Fortaleza tem Moisés, artilheiro da competição com seis gols. Tem Kervin Andrade com três gols. Tem Yago Pikachu também com três gols. Lucero tem dois gols. Hércules, um gol. No CRB o perigo está em Anselmo Ramon, vice-artilheiro, com cinco gols. Labandeira tem dois gols. Léo Pereira também tem dois gols. O potencial ofensivo do Leão é muito maior.
O trabalho do técnico Vagner Mancini está, gradualmente, alcançando os resultados que o Vozão precisa para voltar à Série A nacional. Mancini é um profissional muito sério. Tenho por ele grande respeito, desde o tempo em que o conheci, quando ele ainda era jogador do Ceará. Torço muito pelo sucesso dele, que será também o sucesso do Ceará.
Nos bastidores do Ceará ainda existem os ranços de divisões internas. É muito comum haver divisões políticas em toda agremiação. Entretanto, será interessante que essas disputas não cheguem às quatro linhas. Nesta parte, Mancini terá a missão de blindar o elenco contra toda e qualquer sequela decorrente das divergências nas camadas superiores.
Os próprios dirigentes alvinegros, se colocarem o interesse do clube acima das bobas vaidades pessoais, ajudarão na missão de o time voltar à Série A nacional. Mas, se colocaram as suas vaidades pessoais acima do interesse do clube, prestarão um desserviço. E poderão até mesmo atrapalhar o trabalho do treinador Vagner Mancini.