O Fortaleza é tricampeão do Nordeste. Mas, a despeito das alegrias, restou uma terrível inquietação: o apagão na fase final. Um blecaute inexplicável. Nem de longe a imagem de um time que foi capaz de encarar com altivez até mesmo o Boca Juniors em plena Bombonera. Um Fortaleza acuado como se time pequeno fosse. Um time incapaz de reagir.
A euforia do título, conquistado nos pênaltis, tirou de foco os tormentos vividos pelo Leão no Estádio Rei Pelé. Apesar dos espaços dados pelo CRB, o Fortaleza foi incompetente na elaboração do que havia de mais simples: os contra-ataques em velocidade. É verdade que logo nos primeiros minutos perdeu o velocista Moisés, mas isso não justifica a total ausência de um plano “B”.
Se existiu um plano “B”, não funcionou. Oscilar todo time oscila. É normal. Mas não é normal o abatimento que tomou conta do Fortaleza na fase final. Queira Deus tenha sido um apagão único. Se acontecer mais uma vez, poderá trazer um estrago irreparável. Há muitos desafios sérios pelo caminho. Além da Copa Sul-Americana, terá de melhorar a sua posição na Série A nacional. De colapso basta um.
Quando há o acirramento de ânimos no alto comando de um clube, as consequências, não raro, trazem um ambiente bem desconfortável para todos os segmentos, máxime no que diz respeito ao futebol. Por isso mesmo, cabe uma advertência aos dirigentes e ex-dirigentes do Ceará Sporting Club: cuidado com o que os senhores andam fazendo.
Não considero nada salutar o que vem acontecendo nas lutas intestinas em Porangabussu. Não ajudam. Atrapalham. Criam entraves e rivalidades exacerbadas, inúteis e desnecessárias. Dificilmente prospera um ambiente onde há divisões. Não é de hoje que a divergência de interesses tem trazido graves transtornos à vida do clube.
Quero acreditar que, em tudo na vida, a moderação é o melhor caminho. A harmonia sempre produz melhor resultado que a discórdia. Pior ainda quando os interesses pessoais se misturam com os interesses do clube. Assim é horrível porque fica até difícil saber onde começa um e onde termina o outro.
Sou de um tempo em que os presidentes eram verdadeiros mecenas. Tinham por ideal a grandeza do clube e para isso trabalhavam com devotamento. Hoje as plataformas são bem diferentes. No lugar do devotamento, há, muitas vezes, objetivos pessoais. Aí, dependendo das circunstâncias, o clube passa a ser catapulta.
O torcedor do Ceará deve ficar atento. A rigor, terá de observar com isenção tudo o que acontece no clube. Cuidado para não se deixar levar por terceiros. Forme seu próprio juízo sobre a questão. Escute os dois lados para decidir com sabedoria e coerência. O clube sempre em primeiro lugar.