A mais baixa das manifestações é a vaia. A vaia humilha. Expõe ao ridículo quem a recebe. Deteriora o espírito do ofendido. Pior de tudo é quando a vaia vem a ser produto da ingratidão. Aí dói muito mais ainda. O Fortaleza foi vaiado. Não acreditei. Estavam vaiando o Leão que é o terceiro colocado da Série A.
Perguntei a mim mesmo: seriam justas essas vaias? Estaria eu errado em não aceitar tal tipo de protesto? Conclui: é injusto o que a torcida fez. O time não jogou bem. É verdade. Mas, a meu juízo, não caberia, como não cabe, vaiar o time tricolor. O Fortaleza está ocupando espaço nunca imaginado pela torcida.
Lamentavelmente, a mão que afaga é a mesma que apedreja. A torcida do Fortaleza tem de entender que o seu time está entre os melhores do país. Ser derrotado pelo Corinthians faz parte. O Corinthians está na zona de rebaixamento, mas em fase de recuperação. É o Corinthians.
Minha reprovação, pois, às vaias dadas no Fortaleza. Vaias indevidas, injustas, insensatas. Vaias oriundas da ingratidão.
Vojvoda vem cometendo alguns erros, sim. Mas o crédito dele é muito alto. O que já fez pelo Fortaleza somente pode ser comparado com o que o Rogério Ceni fez. É natural que erre, que cometa seus equívocos. É humano. Não é perfeito. Por que, então, as vaias? Compreendo a crítica construtiva. Vaias, jamais.
Observem onde está o Fortaleza. Depois observem onde estão Flamengo, São Paulo, Cruzeiro, Internacional, Vasco da Gama, Atlético-MG, Grêmio, Fluminense e Corinthians. Ora, o Leão está acima de times que já foram campeões do mundo como Flamengo, São Paulo, Internacional, Grêmio e Corinthians. Tirem suas conclusões.
Todo time passa por oscilações. Agora, na reta final do ano, o desgaste físico vai pesar muito nas decisões. O Fortaleza dá sinais de que não está conseguindo acompanhar o ritmo imposto pelos adversários. Foi assim diante do Botafogo, Internacional e Corinthians. Perdeu os três jogos. A tabela deste mês de setembro está massacrante.
Em 1968, o técnico do Fortaleza na decisão da Taça Brasil, foi Gilvan Dias. Ele também foi repórter, comentarista e presidente da APCDEC. Com ele trabalhei em 1965 na Rádio Uirapuru e em 1969 na Rádio Dragão do Mar. Vendo o Fortaleza nos últimos jogos, lembrei do saudoso Gilvan Dias. Explico no tópico a seguir.
Gilvan me dizia que, quando o time começa a correr atrás do adversário (atrás da bola), termina cansando mais rápido. E não resiste. Vi o Fortaleza correndo atrás dos adversários nos jogos diante do Botafogo, Internacional e Corinthians. Agora, com a maratona que aí está, tudo ficará mais difícil. Ritmo intenso só em raras exceções. Cuidado, Leão!