Os absurdos critérios da inchada Copa do Brasil

Leia a Coluna desta quarta-feira (31)

Legenda: A Copa do Brasil de 2024 será disputada por 92 times
Foto: Staff Images/CBF

As duas mais importantes competições do futebol brasileirão são a Série A nacional e a Copa do Brasil. A Série A, no modelo pontos corridos, é a mais significativa porque exige mais. A Copa do Brasil, sucessora da Taça Brasil, transformou-se num modelo inchado e confuso, já por um regulamento cheio de privilégios para alguns e dificuldades maiores para outros. Perdeu a essência da Taça Brasil. Hoje, a Copa do Brasil, que se diz a mais democrática competição nacional, é, na verdade, a maior discriminadora competição brasileira. 

Motivo simples: não trata igualitariamente seus participantes. Na primeira rodada, por exemplo, quem joga em casa pode ser eliminado com um empate, ou seja, sair invicto da competição. O correto e justo, como era na Taça Brasil, seria um jogo em casa sede. Mas o interesse é despachar de forma sumária 40 clubes, de uma leva só. Um absurdo. Na segunda rodada, também em um jogo só, se houver empate a decisão vai para os pênaltis. Na terceira fase será adotado o modelo de jogo de ida e volta. O primeiro critério de desempate será o saldo de gols. Se o saldo for igual, a decisão será por pênalti. E assim segue a competição, tendo, nas primeiras rodadas, diferentes disposições.   

 

Origem 

 

A Taça Brasil era enxuta. Contemplava os campeões estaduais. Não havia esta série de situações estapafúrdias geradas pelas mentes exploradoras e gananciosas da CBF de agora. Atualmente, passaram a adotar janelas de ingresso que mais parecem os trenzinhos da alegria da politicalha nacional da década de 1950.  

 

Primeira 

 

Em 1959, foi criada a Taça Brasil, reconhecida depois pela CBF, de forma oficial, como o primeiro Campeonato Brasileiro. Participaram da competição os campeões estaduais: ABC-RN, Atlético-MG, Athletico-PR, Auto Esporte-PB, Bahia, Ceará, CSA-AL, Ferroviário-MA, Grêmio-RS, Hercílio Luz-SC, Manufatora-Niterói, Rio Branco-ES, Santos-SP, Sport-PE, Tuna-PA e Vasco-RJ. 

 

Privilégios 

 

Apesar de ser enxuta, apenas com a participação dos campeões estaduais, o regulamento privilegiou os campeões do Rio de Janeiro e de São Paulo, no caso o Vasco da Gama e o Santos. Essas equipes ingressaram na competição somente na fase semifinal. Já era o cheirinho de privilégios que se estenderam e foram ampliados na Copa do Brasil atual. 

 

Exagero 

 

A Copa do Brasil atual é disputada por 92 clubes. Na rodada inicial, 40 são eliminados. Na Taça Brasil, além dos jogos de ida e volta, era adotado o jogo de desempate na sede do mandante. Foi assim que houve três jogos entre Ceará e Bahia: 0 x 0 no PV e 2 x 2 na Fonte Nova. No jogo desempate na Fonte Nova, 1 x 1 no tempo normal. O Bahia ganhou (1 x 0) na prorrogação.   

 

Tendência 

 

A ganância predomina. Na Copa de 1930, 13 seleções. Na Copa de 1934, 16 seleções. Na Copa de 1938, 15 seleções. Na Copa de 1950, 13 seleções. Nas Copas de 1958, 1962, 1966, 1970, 1974 e 1978 houve 16 seleções em cada. Na Copa de 1982, a Fifa subiu para 24 seleções. Na Copa de 2022, subiu para 32 seleções. Agora vai para 48 seleções em 2026. Vai já virar uma Copa do Brasil com 92 times.