Meu filho, Marcel Barros, adora ver jogos nos estádios. Ele diz que se sente partícipe do espetáculo. É integrante do acontecimento. Vive as emoções. Divide com os demais circunstantes as alegrias e frustrações decorrentes dos resultados e dos desempenhos. Mas ele não vai ao estádio nos dias de Clássico-Rei. Minha amiga, Marinês Sales, e o marido dela, Klinger, também adoram ver jogos nos estádios. Gostam de aplaudir, gritar, incentivar, fazer parte. Mas a Marinês me disse que tem medo de ir ao Clássico-Rei. Eu, como descrevi no comentário de ontem, comecei a acompanhar o Clássico-Rei em 1956. Na minha vida profissional, não conto o número de clássicos que narrei, quer no PV, quer no Castelão. Hoje, não vou mais. Nem sei qual foi o último Clássico-Rei que vi ao vivo. Faz anos. Estive no Castelão em 2014, na época da Copa do Mundo. Nunca mais pisei lá. Nem tenho vontade de ir. Assim, quantas pessoas também deixaram de ir aos estádios, temendo a violência, temendo a morte. Que dizer de um país onde torcedores se agridem e se matam na via pública? O que há na cabeça dessa gente? Faz anos que as brigas entre torcidas acontecem. O sistema de segurança não tem conseguido impedir tais absurdos.
Não faz muito, vários clássicos aconteceram, pelo Brasil afora, com a presença apenas de uma das torcidas. Os aparelhos de segurança dão o atestado de falência quando alegam que não têm condições de controlar a situação. Mais um motivo para temores e apreensões. Lamentável que se tenha chegado a tal estágio.
Torcidas do mesmo time entram em conflito. O que há por trás disso? Que interesses escusos levam grupos do mesmo time a sérias e recíprocas agressões? Eles, com bandeiras, camisas e escudos do mesmo time, chegam aos estádios. Dão a impressão de que formam um grupo só, movido pelos mesmos sentimentos. De repente, eclode uma briga de grande proporção. É incrível.
Para minha surpresa, no Clássico-Rei recentemente realizado no PV, não houve confusão. Mas, como todos sabem, reduziram para apenas 12 mil torcedores o número permitido no estádio. Aí ficou mais fácil de controlar. No entorno do estádio, também houve controle absoluto, com a presença ostensiva de policiais. Foi uma exceção.
Já no clássico realizado no Castelão, não houve como controlar. No plano interno do estádio, cadeiras foram quebradas e, algumas, arremessadas. Nos bairros próximos, nos corredores de acesso ao estádio, aconteceram confrontos. Não são torcedores. São vândalos dispostos a tudo. E, não raro, usando armas de fogo.
Vem aí o primeiro de abril, Dia da Mentira. Nesse dia, acontecerá o primeiro Clássico-Rei da decisão do certame estadual de 2023. Novamente no Castelão. Será interessante monitorar pelas redes sociais as manifestações das torcidas. Assim será possível detectar itinerários e pontos de encontro. Através do serviço de inteligência, a polícia poderá se antecipar aos fatos.