Em clássico a zebra não entra

Leia a Coluna desta quinta-feira (15)

Legenda: Ceará e Fortaleza disputam mais um Clássico-Rei em 2024
Foto: FABIANE DE PAULA / SVM

Quando termina o Carnaval, fica a impressão de uma ressaca maior, ou seja, não acaba na Quarta-Feira de Cinzas. Prolonga-se a preguiça. E parece que tudo só começa para valer na semana seguinte. A verdade é que, com preguiça ou sem preguiça, a bola continua a rolar. Estou de olho mesmo é no clássico-rei. Algumas conclusões poderão ser tomadas, após os noventa minutos e acréscimos. Há alguns anos fiz uma colocação que até foi usada em outras publicações. Afirmei que em clássico a zebra não entra. Quem é favorito continua sendo favorito, mas é um favoritismo desconfiado, prudente, cauteloso.

O macaco velho não põe a mão na cumbuca. Dizem que as camisas equilibram. Há muitas explicações, algumas com consistência. Outras parecem vazias. A experiência pesa muito. Há no clássico algo muito especial que parece reunir passado, presente e futuro num único espetáculo. Sei apenas que o clássico-rei fascina. Nunca esqueci o primeiro a que assisti. Foi no final do ano de 1956. Ficou na minha memória a impecável atuação do goleiro do Ceará, Ivan Roriz, de quem me tornei fã. Cada clássico conta pedaços da história, mas é indivisível. É verdade. É uma lenda. É tudo.  

  

Peculiaridades  

  

Na Série B de 2009, houve uma separação muito forte entre os dois maiores rivais: o Ceará subiu para a Série A (3º colocado) e o Fortaleza foi rebaixado para a Série C (18º colocado). Pois neste ano em que foi rebaixado para a Série C, o Fortaleza foi campeão cearense, sendo o Ceará vice-campeão e o Ferroviário terceiro colocado. Marcelo Nicácio, do Fortaleza, foi o artilheiro com 13 gols.  

  

Outros títulos  

  

Mesmo na Série C do Campeonato Brasileiro, o Fortaleza ganhou vários títulos estaduais. Em 2010, por exemplo, o Ceará estava na Série A. O Fortaleza estava na Série C. Foi exatamente aí que o Fortaleza ganhou um dos mais importantes títulos de sua história: o tetracampeonato cearense, presidido por Renan Vieira. O Ceará foi vice-campeão cearense.  

  

Mais um  

  

Em 2015, o Fortaleza ainda estava na Série C do Campeonato Brasileiro. O Ceará estava na Série B do Campeonato Brasileiro. O Fortaleza ganhou o título de campeão cearense de 2015, superando o próprio Ceará, que foi vice-campeão cearense. Em 2016, o Fortaleza ainda na Série C nacional, ganhou o bicampeonato cearense. O Ceará estava na Série B nacional.   

  

Observação  

  

Em 2016, o Ceará estava na Série B nacional. O Fortaleza na Série C. Mas, no Campeonato Cearense, o Ceará foi eliminado, não chegando sequer à fase semifinal. O Fortaleza sagrou-se bicampeão cearense, ganhando do Atlético (Uniclinic) por 4 x 1 no primeiro jogo e por 1 x 0 no segundo jogo. O Guarani de Juazeiro foi o terceiro colocado. Anselmo, do Fortaleza, foi o artilheiro, com 11 gols.  

  

Conclusão  

  

Resta provado: no Campeonato Cearense, nem sempre o time que está numa posição superior no Campeonato Brasileiro (Série A ou Série B) tem certeza de título estadual. O Fortaleza, mesmo quando na Série C nacional, foi campeão cearense em 2010 (tetra), 2015 e 2016. Agora, na Série A, o Fortaleza já ganhou cinco títulos seguidos (penta). O Ceará está na briga. Imprevisível desfecho.