Clássico-Rei com torcidas juntas

Confira a coluna desta terça-feira (21) do comentarista Tom Barros

Legenda: As torcidas de Ceará e Fortaleza são importantes para os respectivos clubes do futebol cearense
Foto: JL Rosa (SVM) / Camila Lima (SVM)

Perdi as contas de quantas vezes vi os dois maiores rivais se enfrentando. Vi de tudo. Com torcida, sem torcida. Torcida junta e torcida separada. Com briga e sem briga. Com uma torcida só. De amistoso no pé da serra de Baturité a decisões de campeonato no PV e no Castelão. Sempre uma magia. Impenetrável fascínio que transpôs décadas. O primeiro clássico-rei que acompanhei foi no então pequenininho PV em 1956. Quando o escritor José Renato Sátiro Santiago Jr publicou o “Almanaque Clássico-Rei”, mergulhei no passado. Fui em busca do primeiro clássico-rei que eu vira. Eu tinha apenas nove anos de idade. Encontrei. Foi no dia 24 de junho. Eu sabia que no gol do Ceará estava Ivan Roriz e no gol do Fortaleza Aloísio II, apelidado de Aloísio Verdureiro. Deu vitória do Ceará por 2 a 0, gols de Joãozinho IV e Danilo. Pronto. Para mim foi apenas o início de tantas emoções. Primeiro como desportista. Depois, como narrador de futebol. Minha contrariedade hoje é grande. Motivo: as brigas entre torcedores. Não aceito, não compreendo. Na década de 1950 as torcidas chegavam juntas e saiam juntas. Não havia necessidade de separação no estádio. Havia recíproco respeito. 

Discussão 

Lembro demais que, naquela época, no estádio, se houvesse algum desentendimento entre torcedores, não precisava a intervenção da polícia. A turma do “deixa disso” acalmava os ânimos dos mais exaltados e logo tudo voltava ao normal. Diferente do comportamento agressivo e desrespeitoso de agora. 

Ficha 

Jogo Ceará 2 x 0 Fortaleza. Campeonato Cearense. Local: PV. Data: 24.06.1956. Ceará: Ivan, Pelado e Alexandre; Dico I, Becão e Damasceno; Bebeto, Danilo III, Honorato, Guilherme e Joãozinho IV. Técnico: Ivonisio Mosca de Carvalho. Fortaleza: Aloísio II, Sapenha e Sanatiel; Hilton Viana, Vareta e Calixto I; Aristóbulo I, Aloísio I, Édson II, Charuto e Mozarzinho. Técnico: Louro. 

Ídolos 

Desse clássico de 1956, dois jogadores ficaram para sempre na minha memória: o goleiro Ivan Roriz, de quem me tornei o maior fã, e Mozarzinho, o melhor jogador do futebol cearense em todos os tempos. Por pura coincidência, poucos meses antes de morrer, Mozart esteve na minha casa com o amigo Saraiva Junior. Mozart jogava demais. Um craque mesmo. 

Decisão 

No momento, a minha avaliação é simples: o Fortaleza tem um elenco maior e com mais opções. Certamente agora não poupará ninguém. Mas, nos dois recentes jogos, o Ceará fez a festa com duas significativas vitórias. Imprevisível o que possa acontecer. Tem um penta em jogo. E uma rivalidade que equilibra.  

Causos 

Acabei de ler o livro “Só Causos”, segunda obra de autoria do meu colega de trabalho, Wilton Bezerra. Um livro gostoso de ser lido. Wilton sabe contar. Domina os segredos de passar o humor de forma simples, mas com muita sensibilidade para obter do leitor um largo sorriso ao fim de cada exposição. A inspiração do autor está cada vez melhor. 

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