Um dia seria pouco para festejar o exemplo vitorioso de um dos maiores craques de todos os tempos. Um mês também seria pouco para celebrar as glórias de um cidadão do mundo. Um ano seria pouco para levantar todo o legado deixado por um ídolo exemplar, dentro e fora de campo. Não há como se marcar nos limites do tempo o que deve ser dito sobre Lionel Messi. Felizes as gerações que tiveram a oportunidade de ver em campo, ao vivo, nas grandes disputas, a genialidade desse argentino que conquistou as graças do planeta. Quiseram compará-lo a Diego Maradona. Seus compatrícios, algumas vezes, o criticaram porque não conseguia, na Seleção da Argentina, alcançar o que Maradona alcançou. Mas ele, com a postura dos sábios, jamais respondeu às injustiças. Assim, viu ruir em pleno Maracanã a chance de ganhar seu primeiro título mundial. Foi vice do mundo diante da Alemanha. Seguiu em frente. Cabeça erguida. E, com a serenidade das mentes superiores, foi para o seu último encontro com as Copas do Mundo. Fez do Qatar o cenário de sua coroação. Ali, foi um pouco de Pelé e de Garrincha, um pouco de Maradona e de Di Stefano, um pouco de Cruijff e de Franz Beckenbauer. Mas, acima de tudo, foi verdadeiramente Messi.
Messi e Maradona têm em comum a genialidade no trato com a bola. Caminhos diferentes, mas sempre ídolos. Messi é Messi, Maradona é Maradona. São trajetórias igualmente vitoriosas. Messi mais fechado, mais compenetrado. Maradona mais extrovertido, cheio de extravagâncias. Cada um a seu modo. Cada um a seu tempo.
Com o título de campeão do mundo conquistado por Messi no Qatar, ele e Maradona se nivelaram no topo dos maiores feitos. Maradona foi campeão do mundo em 1986 no México e vice-campeão do mundo em 1990 na Itália. Messi foi campeão do mundo em 2022 no Qatar e vice-campeão do mundo em 2014 no Brasil.
Além das glórias em campo, Maradona, lamentavelmente, sofreu as agonias decorrentes de seu envolvimento com as drogas. Mas isso jamais reduziu o amor dos compatrícios para com ele. Pelo contrário, a Nação sofreu com ele, orou por ele, dividiu com ele todas as etapas da vida. E assim Maradona foi eternizado como eternizados foram Carlos Gardel, Evita Perón...
Messi tem conduta exemplar dentro e fora de campo. Um homem distante das polêmicas e dos escândalos. Discreto, totalmente voltado para a família, edificou uma imagem impecável. Passou a ser uma lenda cultuada em vida. Entra para a história no mesmo patamar dos mais notáveis argentinos de todos os tempos.
Os argentinos têm algo que os brasileiros não prezam na mesma dimensão: a veneração aos ídolos. Carlos Gardel, como se vivo fosse, continua cantando até hoje nas casas de tango de Buenos Aires e de todo o país. Aqui, pouco se ouve falar em Francisco Alves ou Orlando Silva. Maradona e Messi serão eternamente gênios. Aqui, vejo brasileiro duvidando da genialidade de Pelé e de Garrincha.