Nos tempos em que vivemos, a esperança ganhou sobrenome: vacina. Desde que a primeira notícia de uma vacina que nos protegesse contra o coronavírus surgiu, vimos uma corrida de países pela aquisição dos imunizantes, de fabricantes desenvolvendo novas fórmulas com diferentes capacidades de proteção e até mesmo pessoas questionando a eficácia da vacinação. Enquanto grandes nomes da indústria farmacêutica anunciavam suas descobertas, a ciência cearense, de forma silenciosa, dava seus passos também em direção à descoberta da cura contra a Covid-19.
Assim, nos últimos meses, vimos a imprensa local, as redes sociais e as conversas de corredor falarem sobre uma autêntica vacina cearense. A boa nova veio dos laboratórios da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Desde abril do ano passado, o Laboratório de Biotecnologia e Biologia Molecular da universidade, liderado pela professora imunologista Izabel Florindo Guedes, vem trabalhando no assunto.
Em entrevistas, os pesquisadores contaram que trabalharam a partir de conhecimento adquirido sobre outras variações do coronavírus. A ideia era produzir uma vacina com resposta satisfatória quanto ao custo e, sobretudo, a imunização. É isso que os pesquisadores cearenses estão comemorando. Consciente e orgulhosa dos resultados que vem alcançando, a Universidade já solicitou à Anvisa autorização para iniciar a testagem em humanos.
Nas bancadas do laboratório, o imunizante ganhou o nome de HH-120-Defenser. Nas conversas virtuais, a brincadeira foi grande em torno do nome. Uma grande festa, com toda razão. Nesses tempos estranhos, quando um vírus nos impede de abraçar e tanto agrava as desigualdade sociais, ver uma possibilidade de proteção ser desenvolvida aqui perto da gente, em algo que é, sem dúvida, um patrimônio cearense, é de se emocionar.
Tenham certeza que essa conquista só é possível pelo investimento feito na ciência. Nossos professores e pesquisadores são bravos e incansáveis e merecem nossa gratidão e reconhecimento.
Com o devido respeito a todas as perdas que temos vivido, digo-lhes que a ciência cearense sairá grande dessa crise. Com o conhecimento da Escola de Saúde Pública, a quem deixo aqui meus parabéns, desenvolvemos o capacete Elmo que já tratou quase três mil pessoas na rede pública em seis meses, e agora damos nossos passos em rumo à vacina. Não tenho dúvidas que nos destacaremos na defesa à ciência. Que possamos espalhar esperança.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.