Mulheres na política: Sim, nós podemos

Pelo menos até julho de 2021, o Brasil tinha o menor percentual de participação política de mulheres de quase toda a América Latina, à exceção somente de Paraguai e Haiti.

Legenda: A vice-governadora, professora Izolda Cela, desce as escadas do Palácio da Abolição, tendo mais atrás o grupo de ex-governadores do Estado
Foto: Carlos Gibaja (Governo do Estado do Ceará)

Esta semana, uma imagem tomou conta das redes sociais. Viralizou, como dizem os jovens hoje em dia. Na semana de um encontro histórico para o Ceará, a primeira reunião do Conselho de Governadores do Estado, foi capturado o momento em que a nossa vice-governadora, a professora Izolda Cela, desce as escadas do Palácio da Abolição, tendo mais atrás o grupo de ex-governadores do Estado. Por muitos e diversos motivos, a imagem é carregada de simbolismos.

Para começar, Izolda é a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-governadora no Ceará. Possivelmente, assumirá o comando do Palácio da Abolição pelos próximos meses, sendo também a primeira mulher a ocupar esse posto.

Falamos dessas conquistas em um meio ainda pouco ocupado pelas mulheres. Por isso, na foto citada, vejo o que tanto discutimos hoje: a representatividade. Izolda é uma de nós. Naquela foto, ela é a imagem de que nós, mulheres, podemos ocupar os espaços da política institucional.

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No ano passado, o Observatório Nacional da Mulher na Política, da Secretaria da Mulher na Câmara dos Deputados, trouxe um dado que nós mulheres somos apenas 15% dos integrantes da Câmara Federal. Pelo menos até julho de 2021, o Brasil tinha o menor percentual de participação política de mulheres de quase toda a América Latina, à exceção somente de Paraguai e Haiti.

A equidade de gênero nunca foi tão discutida como hoje. Temos avançado com legislação que nos protegem contra a violência doméstica, física e psicológica; contra o assédio, com leis e com a criação de equipamentos que buscam nos encorajar a denunciar essa violência, vide a Casa da Mulher Brasileira e, aqui, a Casa da Mulher Cearense.

Também temos evoluído, ainda que não na velocidade adequada, na divisão de tarefas domésticas. Temos também ocupado mais cargos de gestão na esfera pública e privada. Tudo isso, é claro, vem repleto de dificuldades. De sobrecarga, do desafio de se fazer ouvir e respeitar.

Mas e na política, o que temos? Primeiro, ainda que aos poucos, desconstruído a ideia de que a mulher não se interessa por participar desses espaços. Estamos nos bastidores, muitas dentro dos partidos políticos. Também contamos com uma lei que exige um percentual de mulheres inscritas e, mais recentemente, de mulheres de fato ocupando as cadeiras da Câmara dos Deputados, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa do Distrito Federal e das Câmara Municipais.

Agora, precisamos de representatividade. Precisamos nos ver e acreditar que podemos e devemos.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.



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