Notícias boas me emocionam. Gosto de abrir um site ou folhear um jornal e encontrar iniciativas que se voltam a melhorar os dias e o mundo que estamos vivendo. Dia desses me deparei com uma notícia daquelas que fazem seu dia valer a pena. O programa estadual Busca Ativa Escolar tem feito com que jovens estudantes se empenhem no retorno à sala de aula de outros jovens que, pelas razões mais diversas, precisaram abandonar a escola. São diversos estudantes que atuam como monitores bolsistas e vão em busca de seus colegas, entrando em contato por telefone, percorrendo os bairros, batendo na porta de casa, e por aí vai...
São muitos os aspectos que me marcam nesse projeto, mas me volto aqui a dois principais. O primeiro é, sem dúvida, o retorno à sala de aula de alunos que, por motivos que muitos de nós podemos nem imaginar, precisaram seguir outro rumo. A pandemia acentuou determinadas diferenças e certamente o acesso à educação foi uma delas.
Com as aulas on-line, muitos alunos se viram desestimulados a continuar, muito embora os professores tenham sido verdadeiros heróis e heroínas nos esforços para manter esses meninos e meninas conectadas às aulas. Ao mesmo tempo, vivenciamos uma crise econômica e sabemos bem que essas situações têm impacto direto no acesso à educação.
Sigo acreditando que a sala de aula é o grande caminho para conseguirmos mudar nossas histórias e entendo que o Busca Ativa é sobre isso. É sobre despertar nesses jovens a vontade de seguir aprendendo, descobrindo conteúdos que vão levá-los além. É sobre sonhar com um futuro melhor, com mais possibilidades.
Mas o que me encanta e emociona é, na verdade, a dedicação e entrega desses jovens monitores. O programa estadual se traduz, para mim, em proporcionar a descoberta da solidariedade, da empatia, do cuidar do outro, do se importar com aquilo que está além de si próprio.
Esses meninos que ganham as ruas em busca de seus colegas estão vivenciando algo único. E mais: eles conhecem de perto aquelas realidades que lhes são apresentadas pelos outros, têm histórias parecidas na família, na vizinhança, ou com os amigos dos pais e mães. Agora, eles passam a compreender que essas histórias que atravessam a vida de seus colegas poderiam mesmo atravessar as suas. Agora, esses bolsistas caminham no sentido de resolver esses entraves. Esse é o primeiro passo para mudar o mundo.