Todo mundo que dança é dançarino?

Antes de mais nada, dança é autoconhecimento, concentração, entrega, atenção e compromisso

Escrito por
Silvero Pereira verso@svm.com.br
Legenda: Com Thaís Sousa, bailarina profissional do Dança dos Famosos.
Foto: Reprodução/Instagram.

Desde que comecei minha trajetória no quadro Dança dos Famosos, no Domingão com o Huck, venho me percebendo diferente nesse processo de grandes desafios e conquistas. Sempre me senti um corpo dançante, e isso se deve à minha formação em Artes Cênicas, que me ajudou muito sobre consciência corporal, mas jamais imaginei que a dança seria um trabalho tão difícil, doloroso, exaustivo e, ainda assim, libertador.

Já se passaram dois meses desde o início da competição e, para minha alegria, sigo firme na disputa conquistando grandes notas, como quando recebi nota 10 da plateia do programa ao dançar piseiro; nota 10 de Carlinhos de Jesus por minha performance na lambada; e um incrível gabarito da bancada de júri com o Funk, no último domingo (12).

É claro que sei que essas conquistas são fruto de muito esforço da minha parte, mas, sinceramente, devo todas essas notas a Thaís Sousa, bailarina, dançarina, professora, coreógrafa e alguém que tem me feito enxergar a dança de uma forma completamente diferente.

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Thaís me encanta, a princípio, por ser uma mulher do Norte, da cidade de Belém, que carrega consigo uma história de garra, de força e de vontade de vencer na qual muito me identifico. Mas, para muito além disso, ela me abriu a mente, soltou o meu corpo e tem me ensinado dia após dia que dançar não é aprender coreografia.

A dança, antes de mais nada, é autoconhecimento, concentração, entrega, atenção e compromisso. É óbvio que a alegria ao dançar deixa tudo melhor, faz tudo fluir, mas para se tornar um “corpo que dança” não bastam algumas horas semanais de ensaio. Dançar exige conhecimento sobre os ritmos, absorção das nuances, execução precisa de movimentos, respeito às diversas linguagens artísticas do corpo, da música e da cultura.

Na imagem, uma performance de dança. Duas pessoas, um homem e uma mulher, estão vestindo macacões e roupas combinando com estampa de onça (animal print) e detalhes brilhantes ou de strass. O homem, em pé, tem cabelo em tranças longas e uma expressão facial intensa, com a língua ligeiramente para fora. Ele está segurando o topo da cabeça com uma mão. A mulher, agachada em uma pose de dança, com os joelhos dobrados e os braços levemente afastados do corpo, está usando meias-calças arrastão (fishnet tights) e botas de cano curto. Ambos têm pele bronzeada e parecem estar no meio de uma rotina coreografada. Eles estão em um palco com piso brilhante, refletindo as luzes azuis e vermelhas de um fundo dramático e abstrato. O nome do arquivo sugere que o homem é Silvero Pereira e a foto é da
Legenda: Para se tornar um “corpo que dança” não bastam algumas horas semanais de ensaio.
Foto: Reprodução/Instagram.

Thaís me ensinou isso e eu estou correndo atrás. Em todos os lugares que eu vou, sempre que a agenda permite, busco outros professores e profissionais da dança, me jogo e me desafio a experimentar diferentes ritmos, movimentos, corpos e visões de mundo por meio da dança – além, é claro, das horas de ensaio com minha parceira. Não apenas porque sou competitivo e quero vencer a disputa, mas porque quero estar cada vez mais apto a ser esse corpo que baila e sabe bailar.

Ao assistir ao Domingão, talvez você veja apenas um famoso executando uma coreografia, mas posso garantir que tudo o que apresento é, na verdade, um intenso processo de estudo, evolução e paixão por algo que tem me alimentado e me enriquecido.

Eu sou um corpo em construção, em aprendizado, um estudante. Por isso é sempre tão emocionante receber as respostas do público e dos jurados. Ali sou eu no meu estado mais genuíno de superação, com meu olhar de quem sabe que valeu e vale sempre a pena estudar.

O que posso dizer sobre a minha jornada no Dança dos Famosos até agora é que tenho certeza de que ser um dançarino profissional é sobre conhecimento, técnica e sentimento que só a vivência de anos de dedicação pode formar. Dançar não é só decorar meia dúzia de passos, mas um processo de autodescoberta.

Na imagem, um casal de dançarinos. O homem, à direita, tem cabelo encaracolado escuro e está vestindo uma camisa de botão em um tom pêssego/marrom-claro, com textura que parece ser crochê ou tricô e pequenos brilhos. Ele tem tatuagens visíveis no braço esquerdo. A mulher, à esquerda, tem cabelo encaracolado castanho volumoso, decorado com um laço ou adorno vermelho. Ela está vestindo uma roupa que combina em cor com a camisa do homem, com franjas e apliques brilhantes em tom de vinho ou vermelho escuro. Os dois estão segurando as mãos e se olhando com sorrisos largos e olhares afetuosos, como se estivessem no meio de uma dança de salão. O fundo é ligeiramente desfocado, com tons escuros e alguns pontos coloridos, sugerindo um palco ou estúdio de dança. O nome do arquivo sugere que o homem é Silvero Pereira e a foto é da
Legenda: Quero estar cada vez mais apto a ser um corpo que baila e sabe bailar.
Foto: Reprodução/Instagram.

Se sairei vitorioso da competição, ainda não sei. Mas há um prêmio que já ganhei antes mesmo do fim da disputa: a certeza de que, com Thaís ao meu lado, tenho um corpo dançante que pode muito além do que imagina.

 

Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor