Gatilhos de um pós-Carnaval

Legenda: Temos saudades de sair e dançar pelas ruas feito uns loucos alucinados, muito doidos e apaixonados
Foto: Kid Junior

Já pintou verão, calor no coração e a festa precisou esperar mais um pouquinho para acontecer do jeito que ela merece. Ah, é tão bonito ver aquele mar de mãos, todo mundo cantando… mas em festas privadas e shows especiais. Ainda assim, quem tomou a vacina e estava sem sintomas, desceu uma dose de beijo, deixou minha boca molhada, deixou o amor fazer piseiro e ferver o meu fevereiro.

Veja também

Aos pouquinhos, conseguimos ver um raio de beleza, ver o grito da natureza ecoando. Saímos pela cidade bonita, ainda com máscara, no toque do afoxé e com uma força que ninguém explica. Afinal, não houve quem resistisse a essa sinfonia, tambores e repiques que soam na magia nesses dias de festa, que levantam poeira e soltam o corpo.

Sabe aquele grito que está preso na garganta? Se transformou em vibração pra dizer a todo mundo que se cuide, meu amor, que se organizar direitinho, pode ser que logo logo a gente volte a ser o folião de antes. Temos saudades de sair e dançar pelas ruas feito uns loucos alucinados, muito doidos e apaixonados.

Saudade do carnaval que começava no Galo da Madrugada, no Homem da Meia Noite, no Marco Zero, nas ladeiras de Olinda ou atrás do trio elétrico, talvez na Praça Castro Alves, na Barra-Ondina. Há quem diga que começava mesmo era na Sapucaí, no Suvaco do Cristo, no Cacique de Ramos, no Bola Preta ou Baixo Augusta.

Sou pura nostalgia daquele carnaval que começava na Praça da Gentilândia ou no Mercado dos Pinhões, pra descer feito cortejo para o Aterro da Praia de Iracema, para a Unidos da Cachorra, pra dançar nas Travestidas ou no mela mela do Aracati, Beberibe e Paracuru.

Sonhar não custa nada e esse sonho é tão real. Mergulhar na magia era tudo o que queríamos nesse carnaval. Deixar a mente vagar e viajar nos braços do infinito onde tudo é mais bonito. Porém, não foi dessa vez!

Quero ver novamente "vassoura" na rua abafando, tomar umas e outras e cair no passo, no samba, no axé, no maracatu e no piseiro. Tomar banho de chuva, tomar banho de cheiro e depois me jogar no banzeiro.

Ei, pessoal! Vem moçada! A manhã já vem surgindo. O sol clareia a cidade com seus raios de cristal. E o que importa é voar bem alto. Abraçados pelo espaço de um instante. Cobertos no corpo a corpo, na alegria, na festa e na força pra viver.

Em 2023, eu acredito.
Cara caramba, cara se vacinou?

 

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.