Espetáculo Nordestidamente revela a magia circense
Me senti novamente fascinado pela arte do Circo.
O circo era uma das coisas que mais me encantava quando criança. Não consigo dizer exatamente se era pelos números de circenses que envolviam risco e me deixavam com frio na barriga, se era pelo mundo colorido e brilhante que se apresentava à minha frente ou ainda se eu ficava encantado especialmente porque era um das poucas coisas de arte e cultura que chegavam à Mombaça.
O fato é que eu amava tudo daquele lugar. Foi como o primeiro teatro que vi na vida. Eu adorava a cerimônia, o roteiro, o picadeiro, as coreografias, os atores, os palhaços, a tensão dos números de acrobacia, os segredos dos mágicos, os aplausos e o ato final. O circo era uma grande celebração de vida na cabeça daquele menino que fui e eu sempre saía de alma leve.
Com o passar do tempo, fui crescendo e entendendo melhor toda a engrenagem que está por baixo de uma lona. Compreendendo sobre o profissionalismo, a dedicação dos artistas em ensaiar e executar seus números com maestria e, principalmente, as famílias que vivem e constroem essa arte.
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Recentemente, fui arrebatado por essa mesma sensação de criança quando adentrei o Circo do Tiru, que está em cartaz em Fortaleza, no estacionamento do Shopping RioMar, com uma estrutura de excelente qualidade e que leva a experiência circense para outro patamar.
Do começo ao fim, eu parecia estar ao lado daquela criança que fui em Mombaça, seja no desejo de comer pipoca, algodão-doce e churros, seja na alegria de estar em um circo de verdade, com toda a alma de artista que prevalece no lugar. Eu, agora adulto, e o menino que carrego no peito, fomos surpreendidos pelo espetáculo lindo que assistimos.
Tinha tudo o que se espera de um circo: palhaçaria, contorcionismo, trapezista… No entanto, o que me fez ir até lá foi saber os artistas cearenses e nordestinos que estavam na construção e na execução do espetáculo Nordestinamente - Em busca do primeiro palhaço. São atores, diretores, palhaços, músicos e dançarinos provando que no Ceará é possível, sim, produzir musicais de altíssimo nível.
Fui conduzido com maestria por um texto excelente, assinado por Moisés Loureiro, que costura todos os números clássicos do picadeiro e que busca homenagear não só grandes nomes da arte e da cultura do Nordeste, mas especialmente o povo nordestino, com toda a nossa identidade, nossa força, nosso poder de achar graça. A direção de cena de Glauver Souza muito bem elaborada e cuidadosa, que traz o teatro musical para dentro do circo de uma forma super envolvente.
“Nordestidamente” é diferente de qualquer outra produção musical com tema circense, porque tem a capacidade de unir artistas do circo, do teatro, da música, do design e do figurino do Brasil inteiro, mas preservam a tradição de ter em cena artistas que nasceram no circo e fazem disso uma arte viva, com maestria, qualidade e amor.
O Circo do Tiru carrega uma magia que só a arte é capaz de alcançar e uma plateia repleta de famílias entregues ao riso fácil. Leve uma criança para assistir ou a sua própria criança interior. Todos merecem esse presente.
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor