Com baú de histórias, Taty Girl rompe a fronteira do Nordeste

Tenho a sensação de que forró das antigas mexe com as entranhas, nos enche de saudade, revive memórias

Legenda: A presença feminina é marcante e uma das coisas que mais me fascinam no projeto Baú, da cantora Taty Girl
Foto: Picachu/Divulgação

O forró tá no sangue do cearense. É algo tão nosso que é impossível não ter na memória um clássico do gênero. Sabe aquela cena do filme O Auto da Compadecida, onde Chicó toca uma flauta e faz João Grilo “ressuscitar”? Pronto! Tenho pra mim, que essa é a sensação

Talvez seja por isso que o “forró das antigas” faz tanto sucesso. Mexe com as entranhas, nos enche de saudade, revive memórias, seja de uma história de amor, de um momento da infância, de uma festa, da música que tocava no rádio, no ônibus. Lembro logo dos shows em praças e das casas de forró, como Parque do Vaqueiro, Cantinho do Céu, Forró no Sítio, dos CD’s promocionais gravados ao vivo.

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Não é que o forró atual não tenha qualidade, mas existe um saudosismo que faz com que a gente busque esse lugar seguro de alegria. É assim que Taty Girl arrasta multidões por onde passa com o seu projeto Baú da Taty, reunindo os maiores sucessos dos anos 90 e 2000.

Na última semana, pude vivenciar isso duplamente em duas edições promovidas pela produtora Camarote Shows. O primeiro aconteceu em São Paulo, no Centro de Tradições Nordestinas (CTN), no dia 11 de outubro. Era a primeira vez que o festival chegava ao Sudeste e posso garantir que foi impressionante ver e ouvir um coro de centenas de nordestinos cantando e se emocionando ao som do forró das antigas.

Além da anfitriã, a noite contava com a artista Walkyria Santos e a banda Desejo de Menina e era emocionante o choro dos nordestinos, os gritos e versos cantados como uma espécie de afirmação de amor pelo nosso povo, nossa história e nossa música. Centenas de nordestinos que migraram em busca de oportunidades, mas orgulhosos de quem são e de suas origens.

Já o segundo Baú, no dia 14, aconteceu em Fortaleza. Dessa vez, o Festival se apresentou com toda a sua magnitude e contou também com a banda Calcinha Preta, Raphael Alencar e as participações especialíssimas de Nildinha (ex-vocalista do Forró Real) e Zé Cantor, ex-parceiro de trabalho de Taty Girl, que teletransportou todo mundo para a época de ouro do Solteirões do Forró.

Tudo era grandioso, desde a estrutura, organização até o público, uma imensidão de pessoas apaixonadas pelas canções que contam a história do nosso forró. Sem dúvidas, o Baú da Taty se tornou um dos maiores eventos do Ceará e é bonito ver como já faz parte do calendário anual de festivais no Estado.

Entre todas as coisas que mais me fascinam no projeto da forrozeira é perceber como a presença feminina é marcante. São as mulheres as protagonistas do evento, não somente pela própria Taty, que construiu uma impressionante e admirável carreira solo, como também as bandas e artistas convidadas.

O forró das antigas tem as cantoras como alicerce, tem a história da força das mulheres nordestinas como ponto forte. O Ceará tem verdadeiras divas e elas cantam forró.

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor

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