A venda da Enel Distribuição Ceará poderá trazer bons frutos para o mercado estadual, segundo alguns agentes de mercado e economistas ouvidos pela coluna. A perspectiva se baseia em um potencial aumento do volume de investimentos no Estado, além de um foco maior nas operações locais a partir de uma possível troca de controladora.
À coluna, o presidente do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará (Sindienergia-CE), Luiz Carlos Queiroz, revelou uma conversa com a presidente da Enel Ceará em que a executiva garante uma transição tranquila. Ainda não há, no entanto, segundo comunicado da empresa cearense ao mercado, nenhuma definição de medida ou procedimento para a alienação da unidade, que pertence ao grupo italiano Enel.
Queiroz reforçou que a previsão de que a companhia, ao nível global, deverá reforçar investimentos na área de energias renováveis e nos grandes centros no País e no mundo, como Rio de Janeiro e São Paulo.
As operações de menor potencial de lucro, como a Enel Ceará, além de unidades em outros países, deverão ser oferecidas no mercado.
"Falei com a presidente da Enel Ceará, e ela tranquilizou dizendo que seria uma transição tranquila, mas disse que um movimento colocado pelo CEO global para se desfazer desses ativos de distribuição de menor valor. Eles estariam investindo, agora, 90% voltado para área de renováveis e esses outros 10% seriam direcionados para os grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo", disse Queiroz.
"Eles estão vendendo a Enel no Ceará, e na Romênia, Argentina e Peru. O edital deve estar saindo em meados de 2023, e a concessão da Enel vai até 2028", completou.
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Para Ricardo Coimbra, economista e membro do Conselho Regional de Economia no Ceará (Corecon-CE), a iniciativa de venda da Enel Ceará poderá gerar novos avanços e investimentos das operações no Estado, caso a empresa adquirente aplique um foco maior nas atividades locais em comparação com Enel.
Coimbra também destacou que essa movimentação de mercado pode ser fundamental para se gerar investimentos capazes de acompanhar o crescimento da economia do Ceará, em ritmo constante de evolução, estando acima dos parâmetros e estados do Nordeste e da média nacional.
A saída do grupo Enel pode ser uma boa oportunidade para o adquirente e para o consumidor do Estado e do crescimento do Estado, isso porque a empresa está com dificuldade nas operações. E para que ela se reorganize em relação às dívidas ela está de desfazendo de alguns ativos"
E acrescentou que "isso pode ser positivo para o Ceará, visto que a perspectiva de crescimento das operações no estado, visto que a empresa atual não teria potencialidade ou capacidade de fazer novos investimentos e ampliar as necessidades de demanda a partir do crescimento da economia".
A perspectiva foi corroborada por Luís Eduardo Barros, economista membro da Academia Cearense de Economia e conselheiro do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças no Ceará (Ibef-CE). Ele afirmou que a estratégia do grupo italiano deverá ser aumentar o foco em áreas mais fortes da companhia, deixando de lado operações mais "dispensáveis".
A venda para uma empresa com maior foco nas operações no Estado poderá ajudar a reduzir o número de reclamações de consumidores referentes à Enel distribuição Ceará
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"Precisamos nos acostumar que essas empresas estão se concentrando nas atividades que são mais fortes, além de necessário, é indispensável para algumas organizações", disse Barros.
"Para o Ceará pode ser positivo se a Enel for adquirida por uma empresa que considere o Ceará como prioridade, o que não acontecia com a Enel, vendo o nível de reclamações. Então isso pode ser uma notícia muito positiva. Mas só o futuro poderá responder isso", completou.
Apesar da análise dos economistas, a Enel Distribuição reportou um total de R$ 1,18 bilhão em investimentos nos primeiros 9 meses de 2022, representando um aumento de 72% em relação a igual período do ano passado.