‘La casa du’z vetin’: do Jagurussu para o mundo

Como a versão oficial do filme “La Casa de Papel” está na plataforma Netflix, a dos “Vetins” está sendo exibida na Vetinflix

Legenda: Cine São Luiz, em Fortaleza, exibiu a série ‘La casa du’z vetin’
Foto: Preto Zezé

No último sábado, 23 de outubro, estive no Cine São Luiz, em Fortaleza, a convite do meu irmão e sócio Leo, mais conhecido pelos cearenses como Suricate Seboso, que é um dos criadores e diretores da paródia mais vista nas favelas em todos os tempos: La Casa du’z Vetin.

Como a versão oficial do filme “La Casa de Papel” - que está sendo exibida na plataforma Netflix -, a dos “Vetins” está sendo exibida na Vetinflix e traz um elenco talentoso, criativo e super original, que utiliza o favelês da juventude invisibilizada e que muitas vezes é perseguida e estigmatizada nas ruas da cidade.

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Durante o evento pude acompanhar muitos simbolismos que me marcaram a memória. Um dos principais foi o dos os jovens chegando dos diversos locais de bike, já que a maioria deles nunca entrou no Cine São Luiz; e isso é muito triste, pois quando falamos de um equipamento público, pensamos que a função seria prioritariamente atender exatamente este público mais vulnerável.

Outro elemento foi a produção da favela, onde eles atuam, produzem, assistem, pautam, interpretam, roteirizam e onde ainda contam com a parceria da Nigéria, com o know-how na área do audiovisual.

O que eu vi durante o evento vai além da tela, vai além do limite do audiovisual. O que eu pude conferir foi o Grande Jangurussu apresentando uma outra perspectiva de cidade, uma outra visão de mundo, baseada em quem vive a cidade para além do território Meireles (conjunto dos bairros mais ricos da capital cearense e que detém a minoria do PIB, dos votos e toma a maioria das decisões que impactam na vida de mais de 8 milhões de pessoas do estado).

Alí eu vi claramente a capacidade de produzir diálogos e de juntar inteligências e talentos, já que eles uniram jovens de outros locais da cidade, num movimento de conexões de talentos e competências, fazendo das redes sociais do “La Casa du’z Vetin” um movimento de esperança de uma Fortaleza menos apartada e dividida.

Que venham mais e mais episódios desta série e que, para além das telas, mude a vida real dessas pessoas e seja motivo de orgulho para as mães e amigos, além de movimentar sonhos e ambições de ver a favela nas telas com dignidade e transitando por todos os lugares do mundo. Vai ser sal!

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.