Dia da Favela: reflexões, protagonismo e muita potência!

Celebraremos a data não pelo fato das favelas existirem, mas pela potência, resiliência, representatividade, capacidade empreendedora e força cultural existentes nela

Legenda: Na cidade do Rio de Janeiro, uma campanha em 2005 resultou na coleta de 700 mil assinaturas para criação do Dia da Favela e no primeiro projeto de lei para oficializar a data no País
Foto: Shutterstock

ORIGEM DA FAVELA

As primeiras favelas começaram a surgir na paisagem urbana do Rio de Janeiro, no Morro da Providência, situado na Região Portuária. Dois fatores históricos contribuíram para as primeiras ocupações na região: o fluxo migratório de ex-escravos com a abolição da escravatura, em 1888, e o grande número de soldados da Guerra de Canudos que desembarcaram no Rio em 1897, que não tinham moradia e foram invadindo, com o apoio de um oficial, uma antiga chácara no Morro da Providência.

Já a expressão “favela” surgiu após a Guerra de Canudos, onde ficava o Morro da Favela, que possuía em abundância plantas conhecidas como "faveleiras".

Usada oficialmente pela primeira vez no Brasil no dia 4 de novembro de 1900, a palavra “favela” surgiu quando o então delegado da 10ª Circunscrição e o chefe da Polícia da época, Dr. Enéas Galvão, redigiu um documento a respeito do Morro da Providência, conhecido como a primeira favela do País devido às habitações improvisadas e sem infraestrutura.

TRANSFORMAR O ESTIGMA EM CARISMA

Com o objetivo de transformar o estigma desses territórios em carisma, mostrando a resistência e potência das pessoas que ali vivem, nós, da Central Única das Favelas (CUFA), iniciamos uma campanha em 2005 que resultou na coleta de 700 mil assinaturas para criação do Dia da Favela e no primeiro projeto de lei para oficializar a data no País.

Em 2006 foi oficializado pela Lei Municipal (do Rio de Janeiro) 4.383, de 28 de junho de 2006, com autoria do vereador Edson Santos.

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Nos anos seguintes, a lei nº 8.489, de 28 de agosto de 2019, alterou a lei nº 5.645, de 6 de janeiro de 2010, para incluir, no calendário oficial do estado do Rio de Janeiro, o dia 4 de novembro como o “Dia Estadual da Favela”, autoria da Deputada Martha Rocha.

A lei, atualmente, é também parte do calendário oficial aprovado em Fortaleza, de autoria do vereador Sérgio Novais, que realizou a sessão na favela do Lagamar.

No município de São Paulo a data entrou para o calendário oficial de eventos em 2015, pela inserção do parágrafo 7, no artigo 42 da Lei de número 14.485, proposta pelo então vereador Netinho de Paula.

OUTRO OLHAR

Celebrar o Dia da Favela significa valorizar e reconhecer as conquistas de gerações de milhares de famílias que hoje comemoram seu empoderamento, sua dignidade, sua cultura, sua alegria e seu protagonismo em superar as barreiras impostas pela história.

A favela tem uma enorme contribuição para a existência e desenvolvimento deste País. Foi o território que mais sofreu na pandemia, mas também o que foi pra rua fazer os serviços que contribuíram para o asfalto permanecer em home office, evitando um caos maior.

No Dia da Favela, muitas atividades acontecerão por todo o país. Entre elas, shows de artistas como Dudu Nobre e Leci Brandão. No Complexo do Alemão, no Rio, serão plantadas 20 mudas de favela, responsável pela origem do nome.

O Instituto Data Favela, uma parceria da Favela Holding com o Instituto Locomotiva, está preparando uma grande pesquisa para colaborar nas reflexões do Dia da Favela, sobre as conquistas, transformações, reflexões e também as reparações tão sonhadas.

Dia da Favela, 4 de novembro, é dia de celebrar à altura, por isso o sambista Arlindo Cruz será o grande homenageado do dia.

Celebraremos não pelo fato das favelas existirem, mas pela potência, resiliência, representatividade, capacidade empreendedora e força cultural existentes nela.

Favela não é carência, Favela é Potência!

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.



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