Apresentou-se mais uma espécie pré-histórica levada do Cariri e que está na Alemanha. Depois do Ubirajara jubatus, agora foi a vez do Irritator challengeri. Os dois chamam atenção para o desrespeito que o Brasil parece ter no exterior no que se refere a bens culturais.
O estudo sobre o Irritator publicado numa revista científica eletrônica foi noticiado pelo Portal G1 nesta terça (16). Perguntado sobre a procedência do fóssil, um dos pesquisadores justificou ser paleontólogo, não profissional do direito. Fica a dúvida: nesse caso, a ética seria algo menos importante ou desprezível mesmo?
A Alemanha de novo
O Irritator é o segundo fóssil considerado raro que está na Alemanha e que teria sido levado de forma clandestina do Brasil, mais especificamente do Cariri, onde fica a Bacia Fossilífera do Araripe, uma das mais importantes do planeta. O Ubirajara jubatus está na mesma situação. E podem haver outros milhares.
O professor Antonio Alamo Feitosa Saraiva afirma que a Alemanha é o país que mais tem fósseis do Cariri em suas coleções.
"Estão lá entre 70 e 90 mil fósseis do Araripe. Nas coleções brasileiras, temos entre 30 e 35 mil", calcula o professor.
Vai ficar assim?
O Ministério Público Federal e instituições como a Universidade Regional do Cariri têm reivindicado a repatriação desses fósseis. Graças a esse esforço, ano passado a França devolveu centenas.
A lei, que é de 1942, informa que os fósseis são da União e não podem ser levados. Mas parece que, sem um enfrentamento político, esse trabalho não vai ser feito.
Salvo melhor memória, não me lembro de conversa entre o Brasil e a Alemanha sobre isso. No governo de Angela Merkel e agora no de Olaf Scholz, houve diversos encontros bilaterais entre as duas nações. O assunto foi tratado?
Em pleno XXI, em que se debate descolonização, seguiremos com fósseis brasileiros "sequestrados"? E se fosse o contrário: um fóssil encontrado na Alemanha, porém descrito e depositado no Brasil?
Com a palavra, o Itamaraty.
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