Nosso querido Vyni levou um sacode ontem no Jogo da Discórdia. Foi destaque como figurante. Nada é pior num BBB do que ser planta. Mas venho aqui apresentar algumas razões para isso ter acontecido. Antes de ficar só julgando o nosso conterrâneo, a gente precisa entender um pouco o que está acontecendo por trás dessa figuração do Vyni. São quatro os motivos: a experiência do programa ao vivo, a juventude, o relacionamento paralisante e a falta de visão de jogo.
Logo que o Vyni apareceu, todo mundo criou uma expectativa: é o novo Gil do Vigor! Só que as redes sociais enganam muito. Pense um minuto: quantas pessoas que você conhece com milhares de seguidores são, na vida real, um poço sem conteúdo? Não se posicionam sobre nada: sem consciência social, política, de classe. Mas agradam nas redes porque sabem editar muito bem a própria vida.
Só que, num programa ao vivo do tipo BBB, não existe essa história de apagar e fazer de novo, como nos stories, no feed e nos reels. A pessoa é o que é. E o Vyni das redes sociais, o influencer da baixa renda, demonstrou ser, na verdade, uma pessoa encabulada, talvez inseguro, um fofo, mas que quer agradar todo mundo o tempo todo, o que não ajuda no jogo.
E aí está um segundo motivo: a juventude. Vyni é um jovem gay. Já vivi essa condição. Hoje sou um gay de meia idade (risos!), o que reduz a síndrome de compensação de que sofre quase toda pessoa que foge da ditatura da cis-heteronormatividade. Com a necessidade de ser aceito, a gente tenta compensar.
O psicólogo Alan Downs, já citado aqui, explica que, como mecanismo de compensação, muitos homens gays acabam se dedicando muito ao trabalho, muito ao estudo, muito a ajudar os outros, como forma inconsciente de se esquecer da condição que querem esconder e de que se esqueçam disso. "O amor que não ousa dizer o nome", do Oscar Wilde, entende?
Eis uma questão de sobrevivência num mundo predominantemente hétero. Um menino delicado como o Vyni, criado numa sociedade machista e misógina, tem dificuldades inatas de se posicionar.
E aí a tempestade foi perfeita quando ele entrou num relacionamento paralisante.
A amizade entre Eli e Vyni tem, sim, um pouco de paixão platônica, como já foi tratado aqui. E, da parte do Eli, parece estar sendo instrumentalizada. O Eli, desde que entrou na casa, parece ser aquela pessoa com necessidade de seduzir. Ele se acha e encontra quem concorde com isso. E manipula.
No caso do Vyni, são várias as situações. A mais recente foi aquele voto sem sentido na Jessi, quando os dois entraram no confessionário na votação em duplas deste paredão. O voto óbvio era no DG. E o Vyni sabia disso, mas, no relacionamento, Vyni não tem luz própria. E o voto foi na Jessi como o Eli queria, um desperdício.
E aí a gente chega ao quarto motivo de Vyni ter se transformado em figurante. Ele não tem visão de jogo. Era para ele estar no grupo da Jessi, da Linna e da Nat. É evidente até pelas características dele: negro, gay e nordestino.
O lugar do Vyni não é nem no grupo de DG, PA, Arthur e companhia (coisa que ele já percebeu), mas também não é no grupo que reúne Jade, Eslô, Laís, Eli e a provável eliminada de logo mais, Larissa. O Vyni mal é ouvido naquele quarto.
Sigo torcendo pelo Vyni por uma questão de bairrismo mesmo. Ele é do Ceará, do Cariri, do Crato, vizinho na Vila Alta. Tenho obrigação de torcer, mas a tarefa não tem sido fácil.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.